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Negócios rurais atuais

O ar puro da roça, a beleza da semente que cresce, vira planta e fruto, a lealdade e amizade entre os companheiros no trabalho da lavoura... tudo isto faz do nosso lavrador uma pessoa crédula

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 20/01/2010 às 20:09Atualizado em 17/12/2022 às 05:51
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O ar puro da roça, a beleza da semente que cresce, vira planta e fruto, a lealdade e amizade entre os companheiros no trabalho da lavoura... tudo isto faz do nosso lavrador uma pessoa crédula, pacífica em suas intenções e atos. Lembro-me que meu pai anualmente e por uns quarenta anos depositava sua safra no armazém do seu Augusto, ali na Rua João Pinheiro. Nem perguntava preço, se ia vender alguma coisa, o seu Augusto é que informava, negociava e pagava. A honestidade e a amizade eram o selo de seus negócios. Bem, os tempos eram outros, e passaram. O Brasil cresceu, a tecnologia e as necessidades e negociações com o agronegócio se agigantaram. Surgiram de primeiro os negociadores, que compravam ainda na roça e vendiam na cidade, naturalmente ganhando o seu justo lucro. Depois um grupo mais esperto descobriu que podiam ganhar mais dinheiro sem comprar, mas apenas armazenando a produção rural pra vendê-la pós-safra.

Chegaram por aí as companhias de armazéns gerais, algumas até estatais. O produtor ficou seduzid se não precisava de dinheiro imediato, porque não guardar seu produto e vendê-lo adiante com lucro? Como tudo no Brasil, a armazenagem de grãos virou mais um negócio na área rural. Os dois ganhavam dinheir o armazenador e o produtor. O negócio cresceu, e por aí também as suas complicações. Pelo lado do produtor a briga é curta e simples, ele apenas entrega seu produto cuja categoria é determinada pelo armazenista, e acerta-se uma “pensão” a ser paga até a venda deste produto, geralmente ao próprio armazém, tudo bonito e bom, né? Parece, mas nem sempre é assim. Aponto um exemplo, meu milho é examinado, classificado e jogado naquele silo monstruoso, onde tudo se mistura e deveria ser “um só”.

Este ano, apenas como alerta e exemplo, armazenei meu pouco milho ali naquele lindo armazém da Spasso 262 – ou Sacramento. Levei bomba na expectativa, em vez de melhorar o preço foi caindo pelo ralo. Que tal, meus amigos, plantar, colher e armazenar milho para vender a 17 reais a saca? Ou menos... E aí vem o pior: vendo uma partida, o comprador é gente séria, pegou amostra, recebeu o primeiro caminhão e quando foi pegar o segundo apareceu a zebra: queriam empurrar-lhe um milho horrível e fora da especificação. Ele recusou – com toda razão – não tirou o milho, perdi o comprador, seu cheque e talvez, alguma confiança neste lavourista de araque.

É claro que eu estrilei, e aí vem o alerta aos amigos: armazéns são complicados, você não recebe atenção nem fala com o dono, que está lá por Belo Horizonte. Encurto o aborrecimento, vou ao Spasso local e negocio vender-lhe aquela quirela restante a 14 reais a saca, pagamento a vista, hasta la vista, diria o Swarzenegner (nome desgraçado!). Tudo ok! Telefona-me daí a três dias, na segunda-feira, um senhor Claisson – de BH – Spasso – dizendo que seu gerente errou, não poderia comprar por este preço, não tem autonomia para negociar e blá, blá, blá. Ou seja, por uma quirela diferencial o negócio foi pro Spasso!... É claro, eu tenho minhas raivas. Esta aqui é uma delas, e uma advertência. Cuidado, meus amigos: escrevam, detalhem e assinem – e escolham como e com quem. Sindicato Rural: você sabe disto, para nos prevenir?

(*) médico e pecuarista

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