Em um ano como este, o que significa o Natal? Ainda faz sentido? Parece que não existe nem sexta-feira, nem domingo; por que existiria Natal? Desejar boas festas? Feliz ano novo? Como?
Pois é justamente agora que o Natal é mais imprescindível que nunca. Falar em esperança e na promessa da vida eterna quando tudo está bem é fácil. Nada contra fartas celebrações, aliás, tudo a favor. Para muitos, lembrar o Menino Deus era quase meio protocolar. Uma rápida visita à Igreja para a Missa do Galo, cumprimentos ao padre e, depois, muita comida e bebida.
Num ano em que tudo foi mal, lembrar que Deus se fez homem por nós e veio se colocar neste mundo tão complicado, realmente, dá o que pensar. Está certo que já se passaram uns dois mil anos, mas considerando que Ele é eterno e este planetinha tem umas quantas eras, foi quase ontem. Este ano lembramos o que é sofrimento coletivo. Que o impensável acontece. A finitude da nossa existência diariamente martelada nos nossos cérebros. Um inaceitável “novo normal”, como se já não tivéssemos, como humanidade, sobrevivido a muito pior. Mas foi para este mundo que Ele veio. Este mesmo, cheio de flagelos, sempre com gente nova, para quem a última catástrofe parece a pior de todas.
Pois as anteriores passaram, esta também passará.
Não lembramos com detalhes de todos os Natais. É mais fácil recordar aqueles que são importantes, por qualquer outra razã o primeiro Natal depois que alguém morre ou se casa, ou em que algum evento inesperado acontece. No futuro, provavelmente muitos Natais nossos vão se confundir em grandes blocos: os da infância, os da casa nova, os dos netos, etc. Mas o Natal de 2020 nunca vai deixar de ser o Natal da pandemia.
Jesus nasceu para nós! Este mundo tão falho, como ficou flagrante e dolorosamente claro, é o mundo que em que Ele nos colocou e, para não haver dúvida, veio cá em pessoa. Este ano, uma praga se abateu sobre nós, mas sempre será muito pequena perto do Eterno - milagre vivo e redivivo todos os anos. Ano que vem alguns de nós não estaremos aqui, é normal, sempre ocorre. Mas haverá Natal!
Assim, boas celebrações e os votos de que particularmente este Natal nos inspire, a todos, a renovar nossa fé e certeza na verdade eterna.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
AnaMariaLSVilanova@gmail.com
