Recomenda o velho conselh “Ame a vida sem se esquecer da morte.” Viver feliz, é grande aspiração de todo ser humano. Quem não luta por isso? Embora seja a morte uma ocorrência natural da vida, choramos em todas às vezes que a experimentamos.
Quando o nosso ente querido parte, sempre nos conforta se a consciência nos tranquilizar que fizemos alguma coisa por ele. Se orarmos continuamente para seu espírito, estaremos reforçando o nosso elo de amor e prolongando a nossa convivência. Esquecê-lo, seria uma infâmia. Aquele que parte, cumpriu a sua missão, está libertado, livre dos laços da matéria. Se a matéria nos prende, todos nós
somos prisioneiros.
Analisemos esse quadro imaginado que muito se assemelha à realidade: Se na vida sobre a Terra, toda a família estivesse presa na mesma cela, mas cada qual preso por tempo diferente em razão do motivo de sua prisão, de quando em quando, logicamente um seria libertado. Quando tal acontecesse, assistindo a cada um por vez sendo colocado em liberdade, choraríamos
a separação?
Um momento imaginativo com marcante diferença sem dúvida porque, um o estaremos vendo - mas, o outro que segue para a espiritualidade? Em qualquer hipótese, mesmo naquela cela, a sua ausência seria sentida.
De há muito, se convencionou certo comportamento para dizer que estamos de LUTO. Não será nos vestir diferente. Não será o não nos divertir que dará provas de que não os esquecemos. Esse comportamento (luto), nascido dos mais primitivos com suas crendices, alcançou a nossa civilização esclarecida também repleta de modos desiguais.
Dias passados, em uma casa de vendas de calçados, eu procurava algo mais confortável para os meus pés. Pelo chão, vários experimentados já estavam descartados. Enquanto o garoto que me atendia procurava outras opções, eu olhava a tudo que o comércio se recursa para vender. Frases e mais frases... Pouco depois, uma senhora muito elegante, trajando-se impecavelmente de preto com pequenos arranjos em branco, bolsa tendente à cor vinho, lábios artisticamente contornados por um Batom vermelho vivo, vagarosamente se acomodou no mesmo banco pouco distante de mim. Experimentou vários sapatos e de nenhum parece haver gostado. Fiquei discretamente observando aquela senhora bastante indecisa. Vender realmente é uma arte, pensei... Finalmente, um par de sapatos de cor branco ornado com pequeninos detalhes em vermelho que se não fossem mostrados sequer seriam vistos, parece que havia alcançado o seu exigente gosto. Sem tirar os ouvidos curiosos naquele compra ou não compra, escutei o porquê não o levava. Ainda estava de LUTO, comentou chorosamente.
Fiquei pensand Por que o Batom vermelho vivo e bem mais visto, não feria o seu momento do LUTO, quando aqueles pequeninos detalhes no sapato menos aparentes, sim? Como é difícil compreender o comportamento do ser humano! Nos sapatos sim, estava o sinal do LUTO naquela senhora. No Batom vermelho vivo, não.