No início da temporada de F1, numa manhã ensolarada, quando fazia minha caminhada matinal, fui interpelado por um amig Era o Vodka, dono de uma revenda de motos, que me perguntou quem eu achava que seria o campeão de 2010. Ia em passos rápidos, mas fui obrigado a diminuir o meu ritmo. (A pior coisa que pode acontecer numa caminhada!) E respondi ao amig Vettel! E logo vi pelo seu semblante que não era a resposta esperada pelo interlocutor. Futurologia. Essa história de ser interpelado por convivas, normalmente me trás transtornos. Ainda na pré-temporada, um conhecido me interrogou sobre como seria a situação entre Felipe Massa e Alonso na equipe vermelha, e eu, na lata respondi que Massa seria apenas o segundo piloto da equipe. E isso numa mesa com mais oito pessoas. Claramente, minha opinião não foi bem aceita no pedaço. E a discussão rolou à toda. Essa turma hoje não toca no assunto quando me encontra, e nem por e-mail. Essa mania de tratar do futuro sempre me traz transtornos. O pior é que nunca aprendo, sempre dou minha opinião e sempre estrago a conversa com essa previsão. Dúvida. Pois bem, há quatro etapas até o final do campeonato. Acho que meu favorito deixou muito a desejar, e começo a crer que aquele semblante do meu amigo não devia ser ignorado. Não sei quem era seu favorito. Mas o meu começou a me assustar logo no GP da Turquia. E foi assim mesclando atuações soberbas com outras estúpidas. E um piloto que pretende ser campeão não se pode dar ao luxo de errar tanto. E o pior, não ser agressivo em situações como na Hungria e em Cingapura. Onde apenas se contentou com o segundo lugar sem ao menos lutar pelo primeiro posto. Nem tentou, pelo menos uma veizinha. Hora H. Parece-me que o alemãozinho trava quando está atrás da Ferrari do asturiano. Essa de nem tentar é horrível. Mas a coisa só acontece com o espanhol. Na Bélgica, ele foi punido erroneamente por tentar ultrapassar Button. E é sempre assim: ele é agressivo, mas quando o assunto é com o número um da equipe vermelha, ele trava. De novo. Foi assim também nos treinos do GP de Cingapura. Vettel se mostrava velocíssimo, mas na hora H, quando a peleja era com Alonso, ele errou no momento crucial, na última volta rápida. E assim cedeu a pole para o inimigo. Nos momentos importantes falta ao piloto aquele ‘tchan’, o que faz a diferença entre um piloto comum e um campeão. Diferenças. Webber mais uma vez surpreendeu, apesar de não realizar nada nos treinos. Mas na corrida foi o único dos ponteiros que ousou na tática e não poderia ser diferente, pois não tinha um carro veloz como o do companheiro. E também antes de alguém criticar o Massa, ele também não tinha um carro igual ao do Alonso; o espanhol tinha difusores de escamento diferentes, uma versão mais atual, e Massa não. Webber. Voltando ao Webber, ele foi o piloto que realizou ultrapassagens quando todos andavam em fila indiana. Também na corrida passada ele soube achar momentos e espaços para realizar aquilo que a maioria dos pilotos de hoje não fazem: ultrapassar. Bem, aí você pode dizer que nesse quesito Kubica foi o maioral. E foi mesmo, só que num momento diferente, quando todos estavam sem pneus e com pouco vigor físico para enfrentar as últimas voltas. Gana. O grande vigor do polonês veio de um pneu furado a poucas voltas do final, que o fez cair para o fim do pelotão. E assim, de sapatos novos e com pilotos e carros medíocres à sua frente, ele realizou várias ultrapassagens. Sem desvalorizar a postura do polonês, mas como disse antes, foi num momento em que todos estavam apenas esperando a bandeirada final. Bem diferente do momento em que Webber começou sua escalada por posições. Kubica foi a tônica do final da corrida, mas não podemos comparar a situação que Webber viveu. Exemplo. O grande feito de Kubica nesta prova foi a ultrapassagem em cima de Suttil, na mesma curva em que Hamilton tentou para cima do Webber e da mesma maneira, por fora. Só que Kubica ao realizou a manobra também por fora, deixou um espaço para o alemão da Force Índia. Coisa que Hamilton não fez. Por falar em Hamilton, ele parece que voltou a ser aquele de 2007, pois nas horas das decisões ele se torna um Mansell. Muito braço e pouquíssimo cérebro. Há duas corridas ele não marca pontos por seu excesso de confiança. E caiu da liderança para o terceiro posto do campeonato. Funil. Com o funil indo para sua parte mais fina, e com apenas quatro provas do final e que podem se tornar apenas três, aparecem dois pilotos em ótima fase astral. O primeiro é o espanhol que vem de duas vitórias, sendo a última com uma boa ajuda de Vettel, mas o seu momento é dos melhores. E Webber que ocupa a ponta do campeonato e mesmo em um dia adverso consegue concluir no podium. Na próxima etapa no Japão, ele precisa ser mais do que foi nas três últimas corridas ou torcer para que Alonso tenha um dia ruim. E pelo seu passado na pista da Honda, a McLaren deve e tem de ser competitiva em Suzuka. Felicidades a todos!