Desde criança, escuto que o índio dorme quando tem sono
Desde criança, escuto que o índio dorme quando tem sono, pesca quando deseja, não lhe importando se ainda é cedo para dormir, se ainda é noite para pescar. Pelo exposto, nada lhe prende a momento algum. Se não nos fossem os compromissos, poderíamos assim também fazer. Mas, tudo tem o seu tempo. Um dia isso nos acontecerá. Dormiremos e nos levantaremos quando bem quisermos—mas, esse momento demora a chegar. É preciso ter paciência. Para mim agora que estou dobrando o espigão como dizem, é que ele apareceu. Durmo e me levanto a hora que me convier. Nessa liberdade indígena, às vezes fico assistindo a TV até bem pela madrugada. Da meia noite para à frente, é que os programas melhoram um pouco. Por vezes, criaturas entrevistadas nesse horário, julgam que podem falar coisas até mesmo não muito verdadeiras. Lá pelas tantas da matina, um entrevistado manifestava diversos assuntos que não bem me faziam entender o que objetivava a entrevista. Dentre aquelas, entendi que o entrevistado concordava de que a Asfixia deveria ser um momento horroroso. Até aqui, não havia por que não concordar. De fato, deve ser um momento inimaginável. Enquanto era analisada, me recordava com enorme tristeza de um irmão que numa hemorragia cerebral, passou por esse instante em razão da área do cérebro responsável haver sido atingida pela hemorragia (AVC). Quis mudar de canal, mas no exato daquele desejo, o entrevistado falava da asfixia causada pelo Enforcamento. Um assunto que nunca ouvi doutro entrevistado. O que ele disse, não é nada do que se sabe. Eis a beleza da informação. Transmitir, passar à frente algo que se sabe, haveria de ser a linhagem dos artigos. Logico que ninguém voltou para contar o que acontece no enforcamento—mas, é concebido que no impacto do corpo na corda que envolve o pescoço, ocorre uma fratura na base do crâneo afetando a medula que se acha no interior da coluna vertebral, ocasionando a morte imediata. A asfixia que acompanha o fato, ocorre na criatura pré- morta ou desfalecida, nada sentindo. No enforcamento, tem-se então, que a morte não seja causada pela asfixia e sim, por aquela fratura. É um acontecimento idêntico ao que ocorre no frango quando se lhe destronca o pescoço e ele se põe as cambalhotas morrendo por isso, sem que o tenhamos enforcado. Ao ouvir o entrevistado, desliguei o televisor—mas, pela manhã, leio estar um profissional da saúde, vendendo o seu RAIO X (singular). Um inconcebível erro para um profissional da saúde como já nos referimos em outra ocasião. Em nenhuma aula de Radiologia, em Dicionário algum, em nenhum tratado de Física ou de Radiologia, se encontra esse termo no singular porque, o aparelho não emite um só raio e sim, incalculável número doutros—daí, até por exigência gramatical, a razão de sua pluralidade, “RAIOS X (plural)”. Em qualquer computador atual, se digitar RAIO X (singular), um sublinhado aparece como advertência. Depois daquela entrevista e da leitura no jornal, fiquei pensand Tanto aquele entrevistado como esse profissional da saúde, se arguidos numa banca examinadora sem tolerância, “pobres coitados”... Estarão sem escape no “PAU DA GOIABA”.
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(*) manoel_ marta@hotmai.com