Cumpade; cê qui é basiado im tudo, mi isprica aqui uma coisa. O que qui é mesmo a palavra nada, qui todo mundo fala? Qui negócio é esse tão importante e qui ninguém vê? Assim perguntou um amigo menos sabido pro outro, querendo saber mesmo, o que era o substantivo “nada”. Eles proseavam sentados à sombra de um angico. O nada cumpade..., é..., bem..., qué dizê... Engasgou o mais sabido sem nada responder de pronto. Fala sô! Disse o interpelador. Cê sabe tudo; farta só ocê falá que num sabe nada do nada. Ara! Assim esbravejou o colega de menos “horizonte cultural”. Carma cumpade, disse o mais sabido com ares de pensador. Eu tô arrumando os trem aqui ó... (apontou para a cabeça) pra falá procê. Depois de um longo silêncio e mostrando-se pensativo falou: Cê imagina uma faca sem lâmina. Imaginou? Faiz de conta que ocê perdeu o cabo dela. Perdeu? Pronto, agora tenta cortá arguma coisa! Ô cumpade, cê tá mi gozano pô! Cadê o que eu ti perguntei sô! Cadê o nada? Assim retrucou o imaginador da faca sem lâmina e que perdeu o cabo. Carma cumpade; falou o “professor” baforando um palheta de fumo goiano e cuspindo uma golfada de saliva no chão de terra batida. O nada é uma faca sem lâmina qui perdeu o cabo na hora qui ocê foi cortá uma coisa qui num ixiste. Entendeu? É... entendi cumpade... só qui... E insistiu mais o curios – Intão ondé qui tá o nada? O nada cumpade, num ixiste. Só da gente imaginá ele, taí a presença dele. Ele é tudo. Finalizou o “filósofo”. Intão cumpade, quem num tá cum nada, mas cum nada mesmo, tá cum tudo? Tá cum tudo sim cumpade; pena é qui nois num vê... Homenagens ao homem que tem noção de tudo sem ser doutor em nada. Homenagens ao Poeta e Articulista Egydio Fantato – “João da Mata”. (*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro forumarticulistas@hotmail.com João Eurípedes Sabino escreve às sextas-feiras neste espaço