Mais uma festa do nascimento de Jesus Cristo está bem às portas, preparada por momentos ricos de reflexão e fundamentação bíblica nas comunidades, chamados liturgicamente de Advento. Uma vinda enxertada de esperança, para construir um mundo sempre com novidades, de concórdia, harmonia e paz. É como o vento que sopra e acende o fogo da vida de Deus no coração das pessoas.
No clima das celebrações de Advento, a profecia de Isaías é provocativa para as nossas realidades hodiernas. Ele fala de fundir espadas e transformá-las em bicos de arado, fundir também lanças para fazer foices a serem usadas no trabalho, e nenhuma nação deverá pegar em armas para lutar contra a outra. E complementa dizendo da importância de caminhar na luz do Senhor (cf. Is 2,4-5).
Aquele que se prepara autenticamente bem para celebrar as Festas cristãs de Natal é capaz de realizar gestos de comportamento ético-moral e transformar sua própria vida em ações concretas de retidão e de justiça. É deixar-se envolver pelo revestimento de Cristo numa vida pautada pela Palavra de Deus. Assim, Natal é tempo de renovação interior e compromisso com o relacionamento social.
As atitudes de divisão e inimizade são desaparelhadas totalmente em relação ao espírito natalino. Natal é presença de Jesus Cristo, constituído verdadeira fonte de unidade e fraternidade entre as pessoas que O acolhem. N’Ele os caminhos mudam, intrigas, guerras, hostilidades e desarmonias se desfazem. Assim deve ser o comportamento provocado pelo Advento.
A dimensão das celebrações no período do Advento exige fé vigilante e prática da caridade fraterna, porque Natal é festa do amor de Deus para com a humanidade. Isto significa que entre os humanos deve reinar a capacidade de relacionamento e de abertura para o amor divino. Quem participa das propostas do Advento celebra as festas de fim de ano, principalmente Natal, com mais frutos pessoais.
A começar por uma retrospectiva da história de vida, é hora de reconstruir a esperança, motivadora do reconhecimento de novos tempos. Advento é recomeço dos ciclos litúrgicos do ano, como forma de vigilância cristã permanente na História da Salvação. Tudo isto nos abre caminho para receber Jesus Cristo, Menino do Natal, com um coração livre de todas as amarras da avareza e do egoísmo.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba