Noventa por cento

Estamos em pleno regime de Copa do Mundo. Qualquer conversa, comentário ou manifestação tem que passar pela lei do Orozino Vilasboas, aquele que já usei em crônica de zebu no Guaporé e com o saudoso primo João Humberto. O sábio Orozino não perdia tempo em detalhes e filigranas. A gente perguntava: Orozino que tal a bezerrada deste ano? E ele sapecava: noventa por cento beleza, os ruins morreram! E a estrada? E ele: noventa por cento ruim, dez por cento só pra cavalo! E por aí afora, sempre nos noventa por cento. Bem, meu companheiro, por que este papo dos 90%? Simples, ligue rádio, televisão, converse com a empregada, o homem do armazém, o apanhador de café, todos os etcs. do Brasil agora. É simples, é noventa por cento de futebol e Copa do Mundo. Até a Dilma está feliz, pode fazer política noventa por cento, esquecer a Petrobras, Minha Casa Minha Vida, os companheiros do PT - Oportunista, as dívidas do Brasil e os maus negócios acontecidos... Difícil acreditar, mas até aquela baderna e esculhambação das ruas está mais calma uns noventa por cento! Até minha crônica está 90% mais mansa, o Brasil ganhando a Copa seremos todos felizes. Aquela enxurrada de outdoors diminuiu 90%... esperando o que vai acontecer. Afinal, pode ser uma fria anunciar qualquer propaganda cívica que esteja fora da Copa: o momento é de expectativa, 90% de esperança do Neymar e quadrilha. Em minha paciente prudência, vou apenas e também por 90% de entusiasmo, aplicação e de sorte - ainda não lavei o amargo de 1950. Afinal levamos tantas cacetadas que o Nosso Senhor deve jogar no nosso time, se possível em 100% do nosso tempo. Afinal sonhar e ganhar não são proibidos, e é com essa que eu vou... pelo menos em 90%...