A imprensa tem sido pródiga em noticiar o abandono de crianças recém-nascidas nos mais diferentes lugares. É difícil admitir que pais concebam a criança, acompanhem a sua gestação e, ao nascer, veem nela um estorvo. Ainda bem que essas mesmas crianças sempre têm um encontro marcado com quem vai mudar seus destinos.
Heli Batista Pena Sobrinho e sua esposa Iris Borges Batista Pena, seres humanos de sensibilidade aguçada, não por coincidência ou obra do acaso, indo ao trabalho antes de clarear o dia, encontraram na rua uma mochila sob o manto de uma pequenina árvore. Ato contínuo, Heli parou sua moto e, num ambiente ermo, apanhou o objeto e levou-o consigo como faria qualquer pessoa. Sem saber, Iris e Heli estavam começando a praticar o sublime gesto de resgatar uma vida.
Chegando ao trabalho da esposa, Heli tomando café ouviu ruídos vindos da mochila que sugeriam ser ninhada de gatinhos que pessoas descartam impiedosamente. Não. Não eram felídeos e sim um ser humano a pedir por socorro. Abrindo a mochila o casal deparou com uma menina recém-nascida que chorava com toda a força dos seus pulmões. Depois souberam tratar-se de criança saudável, apesar do martírio que suportou, do instante em que nasceu até ser ouvida.
A cada experiência, amplio a minha compreensão de que: coincidência é o nome que equivocadamente se dá ao resultado da conspiração silenciosa das Leis Universais. Portanto, para que a criança encontrada por Heli e Iris fosse gerada e viesse ao encontro deles, ocorreu antes um inexorável processo. Não é outro ente senão o próprio espírito da criança, o grande agente protetor a lhe encaminhar na trilha de uma nova vida. Não estarei aqui fisicamente para ver, mas tenho a certeza de que a menina encontrada por Heli (cujo nome Vitória cairia bem) terá uma vida reluzente e semeará sua luz por onde for.
Homenagens a Heli Batista Pena Sobrinho e Iris Borges Batista Pena? Eles merecem, mas a maior das homenagens, segundo eles, já receberam do Criador e suas Leis, que os colocou no caminho da criança para lhe proporcionar um novo destino.
Lutar sem desistir e triunfar são atributos marcantes na célula genésica da criança providencialmente encontrada. Vencer e, com o próprio exemplo, ensinar a que outros vençam, será o ensinamento que a linda menina, poderá passar com eloquência. Feliz de quem puder tê-la como mestra.
(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro joaosabino@mednet.com.br