Gosto muito de me lembrar dos meus tempos de criança, mais ainda quando passava ali na fazenda
Gosto muito de me lembrar dos meus tempos de criança, mais ainda quando passava ali na fazenda Rio do Peixe, em meio aos empregados, suas funções e sua vida. Ali eu vivia meio livre dos pitos e correções da d. Elvira, minha mãe, e meu pai, Geraldino, que ia apartar bois para matar em Barretos.
Em Barretos, sim, meu companheiro... e a boiada não tinha caminhão, tudo ia pela comitiva via estrada boiadeira: vaqueiros com berrantes, o burrinho cargueiro levando o de comer de manhã e no pouso. Aliás, como todo garoto, eu sonhava em ser libertado para acompanhar a comitiva, não dei sorte.
Já meu irmão Afonso conseguiu, entrou numa gelada: burro trotão, boca dura, tempo de chuva... desistiu de Barretos, voltou da metade do trecho, bunda e paciência esfoladas. Eu fiquei pescando bagres e lambaris e, por aí, escutando a prosa e a filosofia do Dino, que lembro até hoje e às vezes lhes passo de graça.
Ainda hoje vou vivendo de comparações com o passado e vejo como tudo está diferente – os jovens e adultos, os homens e as mulheres, a educação e os costumes. Exemplo simples, que vejo todo dia: o novo Brasil está criando uma nova raça de gente macho e fêmea. Antes, mulheres eram recatadas – cozinha, cama e mesa, diziam. Hoje são oficiais do trabalho, da política e, agora, da Presidência. Já os homens vão abrindo espaço, envergonhados desta concorrência cada vez mais evidente. Mulher hoje estuda, trabalha e compete mais que os homens. São menos exigentes, mais sérias e acomodadas. Os homens vão se resignando, a competição e competência deixaram longe aquela decantada superioridade masculina. Aliás, segundo o novo Dino, até na sexualidade a mulher vai assumindo o carteado.
Escutei uma garota dizer, no trabalh aí, o fulano é um pão, que vontade de comer!... caramba, isto já é avacalhação! É, meus amigos, mas vejam que isto não é no Brasil, é ao redor do mundo. De simples e agora, os dois maiores países da América do Sul têm mulheres como presidentes... e pelo mundo afora. Não é culpa delas, é a vitória do caminhão boiadeiro sobre a comitiva dos tropeiros. Ou seja, o progresso, que interessa muito mais às mulheres que aos homens – mesmo porque elas estão numa hora festiva: a liberdade da casa, da cozinha e lavar roupa. Que vivam assim, penso que é justo pelo tempo que passaram do Chico Anísio gozar: calada, mulher, calada!
Agora, no morro abaixo, os homens vão ter que ter vergonha e reagir – o que será bom para todos. Não aceitem, meus companheiros, a vergonha que passei com um colega jovem, que deixou a profissão e toma conta da casa e do filho enquanto a mulher dá duro como professora de alto nível. Cobrei-lhe a humilhação, ele foi simples e diret João, estou bem feliz! Agora eu sou objeto sexual!...
(*) médico e pecuarista