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O consumismo

Esta aventura de escrever é muito curiosa e, às vezes, perigosa. Há uns quinze ou vinte anos – desde o nosso Lavoura e Comércio –, escrevo crônicas semanais

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 13/01/2010 às 19:25Atualizado em 20/12/2022 às 08:35
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Esta aventura de escrever é muito curiosa e, às vezes, perigosa. Há uns quinze ou vinte anos – desde o nosso Lavoura e Comércio –, escrevo crônicas semanais. Jamais cobrei ou recebi dinheiro por escrevê-las. Descobri cedo que eu escrevo mesmo é para mim. É um extravasamento do meu ego subconsciente. Isto ora me diverte e faz bem, ora bota pra fora protestos e sofrimentos que penso compartilhar com meus leitores.

Vocês sabem que esta variedade é uma característica do que escrevo. Alguma coisa é simples diversão, vai logo pro lixo – mas, outras vezes, a crônica fala sério, deixa alguma raiz ou incômodo no meu leitor. Nestes casos, saibam, eu não estou me divertindo, estou me aliviando e compartilhando angústias e sofrimentos pessoais ou de nós todos. Esta, por exemplo, se inclui nesta perigosa categoria. Nós todos temos pensamentos, ali no subconsciente, gerados por nossa própria vida, ou pela da sociedade e do mundo em que vivemos. Foi daí que decidi arriscar esta crônica, talvez a mais séria e importante da minha vida. Segurem-se, lá vai.

Básica e definitiva para todos nós: a Felicidade. O poeta escreveu: “a FELICIDADE, esta árvore toda arreada de dourados pomos, existe? Existe, mas nós não a encontramos, ela está sempre onde nós a pomos... e nunca a pomos onde nós estamos...”. Pensem comigo, companheiros da vida terrestre, existe maior verdade?

Aí está explicada a razão de todas as felicidades e infelicidades do mundo, desde a nossa interesseira e pessoal até a sociedade, dos governos e do mundo.

Agora, e no tempo atual, profissional e pessoal, o que faz uma pessoa feliz ou infeliz? Releiam o poeta. Foi aí que nasceram o título e tema da crônica: “O Consumismo”, que diagnostico como sendo o novo câncer da sociedade.

No mundo atual, milhões de infelizes sofrem porque querem e buscam mais. Característica básica: conseguido o sapato lindo, fica esquecido no armário. O carro novo? O do vizinho me seduz. As viagens de férias e internacionais? Já passou, sofro pensando noutras. A mulher linda que conquistei... já é minha; gostosa é aquela estudante de minissaia e maxipeitos... O marido rico e socialmente destacado... foi até bom e interessante, mas é paradão; eu quero é do jato que corre o mundo, eu quero é mais, e mais... e sou infeliz.

Liguem a televisão, os intervalos da novela ou filmes são de promoções e propaganda estimulante do consumo, desde a nossa pasta dental até a viagem ao Caribe. O que eu tenho ou consegui nada vale nem é pensado; passou, está enterrado. O que eu quero é o novo e agora, ou eu consigo ou que se exploda o meu mundo... sou infeliz! Pode ser uma bicicleta, um celular novo, uma nova casa ou automóvel, coisa grande ou coisa pequena. Não importa. Pior que tud o consumismo é monstro que só olha pra a frente, pescoço duro; nunca olha para traz ou o que conseguiu e que pensava seria felicidade.

O monstro do consumismo está solto, estimulado e fixado na sociedade atual. Agarra, mastiga e engole. Suas vítimas vão morrer infelizes, trocando tudo o que sonharam e conseguiram e agora jogam no lixo. Serão infelizes eternos, até o dia em que descobrirem que ficaram igualmente no lixo. E, terminando, eu lhes repasso uma descoberta pessoal e terrível: o consumismo e criação do diabo, que por ele se infiltra “inocentemente”, toma posse e destrói as pessoas, os lares e o mundo.

Exorcisem-se, meus irmãos!...

(*) médico e pecuarista

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