De repente vejo que já passei dos dezessete anos estando presente nesta página todas as sextas-feiras. Iniciei no dia 03/07/1998 pegando um gancho com Fernando Henrique Cardoso quando sentenciou que: “Quem se aposenta com menos de 50 anos no Brasil é vagabundo”. Outros tantos e eu, que não somos vagabundos, nos recusamos a ficar calados. FHC, aliás, se aposentou aos 38.
Daquele dia em diante jamais parei sem faltar uma semana. Pensei em alcançar Egydio Fantato, o João da Mata, que escreveu semanalmente em versos por 20 anos no jornal Lavoura e Comércio (1952/1972). Este meu precioso tempo no Jornal da Manhã me fez crescer, além de valer um doutorado em assuntos gerais e aleatórios. Tive bônus aos baldes e ônus idem, reconheço.
Antes de iniciar aqui, eu mirava o acadêmico Otto Lara Resende, colunista da Folha de São Paulo. Prometi a mim mesmo que, se tivesse a oportunidade, o teria como meu inspirador; e tive. No dia 28 de dezembro de 1992, para minha tristeza, Oto partiu e fiquei “órfão” tentando achar alguém que articulasse quanto ele. Eis que Carlos Heitor Cony, com seu estilo também genial, caiu no meu agrado e desde então o tenho seguido. Aprendi muito com o primeiro e aprendo demais com o segundo. Não sei qual dos dois é melhor.
Nada acontece antes ou depois da hora. O desconhecimento da Lei do Tempo é que nos faz pensar que algo se adiantou ou atrasou. Se é hora de parar então por que prosseguir? E, se é hora de prosseguir, por que parar? Aí estão duas grandes decisões do gênero human saber o exato momento. Edson Arantes do Nascimento, Pelé, é o nosso grande exemplo de quem soube parar. Quando nos agarramos a um cargo, função ou atividade como se deles fossemos donos, estamos exercendo o materialismo. O certo é que: se nos sentimos honrados para iniciar, cabe-nos ter a mesma honra para nos declinarmos.
É nosso dever estarmos preparados para tudo, inclusive cumprir a máxima: “Todo ser humano é insubstituível, até o dia que encontra com sua própria insignificância”. E não há como fugir disto. Meus escritos, imagino, hoje têm algum peso, mas amanhã não sei. Só que jamais desaparecerão, enquanto uma vírgula deles for recordada. Esse é o destino das letras.
Quinzenalmente aqui estaremos; você e eu leitor(a) amigo(a).