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O dia das tradicionais

No final de semana foram realizadas duas das três corridas mais tradicionais do automobilismo mundial. O GP de Mônaco e as 500 Milhas de Indianápolis. A terceira é as 24 Horas de Lê Mans...

Reginaldo Baleia Leite
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 16/12/2022 às 07:56
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No final de semana foram realizadas duas das três corridas mais tradicionais do automobilismo mundial. O GP de Mônaco e as 500 Milhas de Indianápolis. A terceira é as 24 Horas de Lê Mans. O interessante é que as três, apesar da fama, glamour e de toda tradição são chatinhas de assistir. No entanto, são difíceis para os pilotos, principalmente nas 500 Milhas e 24 Horas. Mas, uma vitória num desses circuitos marca para sempre a carreira de um piloto. Quer dizer, um triunfo num desses eventos é o sonho de qualquer piloto. Vencer os três então já é sonho para poucos, e olha que alguns tentaram. Mas, somente Graham Hill conseguiu, que foi mister Mônaco vencendo cinco vezes, venceu as 500 Milhas no ano de 1966, e Lê Mans em 1972. Em Mônaco esse ano, como em muitos outros o pole venceu. Desde a largada, Button liderou a etapa e só deixou a ponta nas paradas de boxes. Por falar em largada, foi Barrichello que largou bem ou o Räikkönen que largou mal?   Nenhuma das duas coisas, foi o carro da Ferrari que pipocou. Se para o público é meio monótono, para o piloto é pura adrenalina. São cinquenta e oito voltas numa estreita faixa de asfalto delimitada por laminas de aço. São realizadas quase quatro mil trocas de marchas, que mesmo sendo executadas apenas com um toquinho atrás do volante é desgastante, pois é um traçado que não admite erros. Imagine o que é domar uma máquina com mais de oitocentos cavalos e apenas seiscentos e poucos quilos, naquela secessão de curvas e cotovelos. A prova, como já havia dito foi monótona, mais no começinho até que houve algumas emoções. Enquanto o Vettel segurava Massa e este fazia de tudo para ultrapassá-lo, Hamilton foi achando pontos de ultrapassagens para cima de carros bem mais lentos, estava bom de assistir. Mas, depois do erro do alemãozinho, o marasmo começava a tomar conta da corrida. Depois vieram alguns acidentes que desarmavam a monotonia. E novamente vimos que a Brawn está cada vez mais Brawn, e que Button é o nome do momento. Enquanto Rubinho suava para manter o carro 23 na pista devido ao desgaste excessivo dos pneus macios, Buton mantinha os seus em bom estado e aumentava sua liderança para os demais.   A corrida de Räikkönen foi prejudicada por Barrichello, assim como a de Massa foi prejudicada pelo Vettel. Mais uma vez a Ferrari deu forcinha para a Brawn, pois, Kimi tinha uma boa vantagem para Barrichello e ao voltar de sua primeira parada saiu atrás do carro da Brawn. Uma verdade tem que ser dita, o carro italiano melhorou muito em relação às primeiras etapas, mas continua com suas trapalhadas na área dos boxes e os pilotos pagam a conta final na pista. Se a turma do macarrão continuar nessa série de erros, os pilotos uma hora vão rasgar o verbo. Räikkönem certamente vai ser o primeiro. Por falar em piloto, Hamilton esqueceu em casa parte da sua habilidade de como andar nas ruas do principado. E para completar o péssimo dia da Mc Laren, Kövalainen bateu e a equipe que sempre é forte em Mônaco, não levou nem um pontinho para casa. Mark Webber mais uma vez correu bem, esse é o piloto que mais evoluiu neste início de temporada. BMW e Toyota continuam sua caminhada ladeira abaixo, a situação da Toyota é a mais intrigante, pois conseguiu piorar um carro que era bom. Já o BMW nasceu ruim, só para lembrar: aquele segundo na Malásia foi ocasional. Pra não falar em sorte, devido ao cancelamento da prova naquele exato momento.   Já a outra prova tradicional do dia, a quase centenária 500 Milhas de Indianápolis, que é uma prova longa e cansativa tanto para pilotos como para os assistentes, a vitória coube ao nosso Helinho Castroneves, que largou na pole e logo no início perdeu a liderança. Parecia que não era o dia dele, pois a cada parada nos boxes o piloto perdia posições, sem falar no problema de comunicação do carro com a equipe. O que salva essa maratona da monotonia são os acidentes, normalmente de arrepiar. E foi no mais dramático deles, já no final da etapa, onde se envolveram dois brasileiros, Vitor Meira e Rafa Matos, é que Helinho soube impor sua velocidade, não dando chances a quem o perseguia na relargada. E daí até o final, nosso piloto cravou o pé direito fazendo voltas de 320km/s de média. Venceu e com vantagem para Dan Weldon e Danica Patrick, segundo e terceiro, respectivamente. Acho que a carga de desgaste físico e emocional das 500 Milhas é maior do que o das ruas do principado. Pois o piloto é obrigado a correr numa pista oval de mais ou menos quatro quilômetros, por mais de três horas a velocidades que chegam aos 400 km/s por hora, e chegam a andar lado a lado nestas velocidades. E um erro nesta pista normalmente é muito dolorido e dramático. Vitor Meira, o brasileiro que se acidentou nas voltas finais com Rafa Matos, corre o risco de ficar sem competir o resto do ano, pois quebrou duas vértebras. Curiosamente, o diagnóstico dizia que uma já estava quebrada desde o ano passado. E o piloto nem sabia.   Helinho é uma pessoa de sorte, pois a maior vitória de sua vida tinha sido nos tribunais da Florida em abril. O fisco americano normalmente não deixa nada passar em branco, mas sempre tem uma primeira vez. Parabéns à pessoa e ao piloto. Pela conquista Helinho ganhou mais de US$3.000.000,00, o maior prêmio da história das 500 Milhas. Tony Kanaan continua sua sina com o Circuito de Indiana, mais uma vez não terminou e pela primeira vez abandonou sem ter liderado a corrida. Quando bateu estava em terceiro, fungando no cangote do segundo. Mario Morais, que foi a sensação dos treinos não conseguiu nem completar a primeira volta devido a um entrevero com Marco Andretti. Morais estava cuspindo marimbondos e por pouco não partiu para a agressão física. Uma ótima semana a todos!

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