O raid mais famoso do mundo moderno terminou sábado, 16. O fabuloso Dakar, que de Dakar hoje só tem o nome...
O raid mais famoso do mundo moderno terminou sábado, 16. O fabuloso Dakar, que de Dakar hoje só tem o nome. A competição que T. Sabine idealizou e transformou na maior aventura do fim do século XX. Depois de vários problemas de ordem política, a competição foi obrigada a abandonar as origens e veio para a América do Sul, o que tirou um pouco do gigantismo do evento. Isso tudo agravado pela crise mundial, que também afastou algumas equipes de fábrica, como já havíamos comentado na coluna passada. Também como já foi dito, sobrou apenas a VW como equipe de fábrica, e nada mais lógico que algum de seus carros ganhasse a prova. Dessa vez deu a lógica completa, vitória da equipe e de seu melhor representante: Carlos Sainz, uma lenda no mundial de Rali (WRC), que vinha batendo na trave já há algum tempo no Dakar. A sina não valeu e “El Toro” faturou. O maior adversário do espanhol no raid foi seu companheiro de equipe Nasser Al-Attiyah, que ano passado andava de BMW e foi alijado da competição por uma punição até hoje considerada contraditória. Agora quem vem batendo na trave é Nasser, que além de piloto é príncipe e desportista praticante de várias modalidades, inclusive atleta olímpico de tiro ao alvo. O piloto das arábias tem demonstrado que veio para ficar. E é bom sua equipe não judiar dele, pois ele pode acabar praticando sua outra modalidade esportiva, na qual é muito bom. A classificação dos carros teve Carlos Saiz em primeiro, seguido de Nasser e Mark Miller, todos com VW. Em quarto veio Stéphane Peterhansel, velho conhecido da competição, nove vezes campeão, correu com BMW. Em quinto, Guérlain Chichérit também de BMW, e o primeiro Mitsubishi veio apenas em sexto, com Carlos Sousa, de Portugal, num carro extra-oficial. O vencedor do ano passado, Giniel de Villiers, também da VW, não se achou neste ano e acabou em sétimo. O bom, experiente e bairrista Robby Gordon terminou em oitavo, mais uma vez andando de Hammer, “made in USA”. Entre os brasileiros, nos carros, o melhor foi o 10º colocado, Guilherme Spinelli/Filipe Palmeiro a 6h13min41seg e em 27º, Jean Azevedo/Emerson Cavassin, a 30h25min30seg. Nas duas rodas conseguimos apenas o 29º, com Rodolpho Mattheis; o 36º, com Carlos Ambrósio e o 76º, com Vicente de Benedictis Neto. O grande vencedor das duas rodas foi Cyril Després, seguido de Pal Anders Ullevalseter, ambos de KTM. Em terceiro, um sul-americano, mais precisamente um chileno, Francisco Lopez Contardo, com Aprilia. Marc Coma, campeão do ano passado, também não se deu bem esse ano, assim como G. de Villiers, nos carros. Se nas categorias carros e motos, os campeões do ano passado foram mal, nos caminhões não foi muito diferente: o vencedor do ano passado, Kabirov, não se deu tão bem, mas a equipe foi a mesma, a russa Kamaz. Este ano venceu o maioral da categoria, o russo Chagin, agora hexa campeão. Mas a grande novidade foi a vitória do argentino Marcos Patronelli, seguido do irmão Alejandro Patronelli. Um grande feito dos hermanos. Conflitante. Dois dos maiores jornais brasileiros, Folha e Estadão, ambos paulistas, publicaram notas conflitantes na quinta-feira, 14. A Folha foi mais comedida e citava num pequeno espaço que haveria igualdade entre os pilotos da escuderia italiana em 2010. “Ambos são competitivos, agressivos e fortes. Além disso, desde que chegaram à equipe, eles sabem como a Ferrari funciona e que sempre colocamos o time acima de interesses individuais”, segundo Stefano Dominicali, chefe da escuderia. Já o Estadão, declarava com todas as letras que Alonso tinha o posto de primeiro piloto. E essa é nossa opinião desde que o espanhol assinou com os italianos e, de quebra, trouxe o Santander na bagagem. O hispânico já trabalha, e bem, seu marketing pessoal dentro da equipe. Nosso Massa não é nenhum otário e deve saber como minar as atitudes do adversário. Mas não há como negar a preferência por Alonso. O interesse financeiro é o maior obstáculo para nosso piloto. Olha o Santander aí, gente! No evento anual da equipe em Madonna di Campiglio aconteceram fatos que marcaram a preferência. Começa pelo interesse do “Verme” Ecclestone pelo evento. Normalmente ele comparece, mas neste ano sua presença foi maior e estranhamente ele estava com a língua solta. Além disso, foram convidados mais de vinte jornalistas espanhóis. Já brasileiros, foram apenas cinco. A Espanha é o único país que atualmente tem duas provas no calendário da F-1. Privilégio que era da Alemanha quando o alemão estava na ponta. Com a aposentadoria do Schumi, a Espanha e os países do Oriente viraram a menina dos olhos do “Verme”. Como os hispânicos se tornaram torcedores apaixonados da F-1 depois dos dois títulos de Alonso, eles se mantiveram fiéis mesmo com o piloto na fraca Renault de 2008 e 2009, nada mais natural que fosse cavado um lugar numa equipe de ponta para o grande ídolo.