ARTICULISTAS

O jovem maestro

Terminadas as eleições, reina a paz no teatro político

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 10/11/2010 às 19:39Atualizado em 20/12/2022 às 03:18
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Terminadas as eleições, reina a paz no teatro político. Dilma, que me obrigou a ganhar umas caixas de cerveja ali no tênis do Uirapuru, está em paz e programação à beira-mar. Lula, descansado e feliz, nem está voando mundo afora. Apenas conversa sobre o novo governo e seus personagens. O Zé Simão, da Folha, diz que ele está desfrutando da 51. Penso que está mais é para o 2014. Afinal, mulheres são imprevisíveis. Aquela jogada – dizem – de que Dilma está guardando o trono para Lula... sei não. O poder é sedutor...

Bem, não vale ficarmos na discussão e no sofrimento pelas cartas que o governo tem e vai jogar. Daí vai que eu não vou dar palpite para o governo, uma coisa que todos os cronistas gostam de fazer. Apenas, e para não dizer que deixei toda esta eleição e seus personagens sem qualquer notícia ou comentário, vou contar-lhes alguns pensamentos que me ferveram o radiador.

Na sequência, tudo começou bem lá atrás, quando a oposição se dedicava a escolher seu candidato anti – Dilma e Lula. Dentro da minha experiência e da crônica política, este candidato deveria sair do eixo forte centrado no eleitorado de Minas e São Paulo. O candidato sairia naturalmente destes dois Estados, apoiado em seguida a nível nacional. Tudo bem e de acordo, deveriam acontecer conversações entre os pretendentes.

Em nível de avaliações, foram citados o ex-governador Alckmin, de São Paulo, e o atual governador mineiro, Aécio Neves. Foi aí que o doce perdeu o ponto. José Serra, governador de São Paulo, o mais ambicioso e ousado governador pretendente à Presidência, pulou com os arreios. De cara, pressionou e eliminou Alckmin, reduzido e subjugado à eleição de governador – que, aliás, bem ganhou. Já o mineiro Aécio Neves era dele desconhecido, parecia-lhe que nem ganharia seu Anastasia para governador. Invocando seu peso político e sua pátria São Paulo, Zé Serra minou a discussão do nome Aécio na corte PSDB – e o mineirinho ficou fora. Por aí, a meu ver, a bonita égua manga-larga paulista começou a atolar os cascos. Aécio assina Neves, tem a falsa mansidão do velho Tancredo e toda uma sabedoria que só os mineiros ali do centro conhecem e não repassam pra ninguém.

Os rompantes de Serra foram totalmente ignorados pelo nosso governador, que, de início, aplicou a lei no candidato Hélio Costa, em vinte dias virou o marcador e elegeu Anastasia, contra os prognósticos vigentes. Vem o segundo turno, Aécio já garantido senador (e daí para a presidência do Senado) e tocando o trombone para enganar Serra, que, perdendo, deixará obrigatoriamente a futura candidatura presidencial para o jovem mineiro.

Tudo matemático, tudo aconteceu: Serra geme e protesta, mas é frango de asa cortada de um lado só. Não conseguirá voar. Se estiver assistindo do além a jogada do nosso mineirinho, Sherlock Holmes deve ter concluído, como sempre: elementar, meu caro Watson... Somente Aécio Neves mostrou sua sabedoria neste jogo terrível. E não comentem com ele o que escrevi. Ele vai negar, dizer que tudo foi obra do acaso, do destino, da sorte...

Até o próximo lance do xadrez.

(*) médico e pecuarista

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