ARTICULISTAS

O lugar de bater

Ao sair de uma solenidade de formatura, notei que certa formanda lamentava com outras pessoas junto a seu carro

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 13/08/2010 às 19:42Atualizado em 20/12/2022 às 04:53
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Ao sair de uma solenidade de formatura, notei que certa formanda lamentava com outras pessoas junto a seu carro. Ela chorava por tê-lo encontrado com o paralama dianteiro esquerdo parcialmente amassado. Que pena! Aquele era o presente que ela ganhou de seus pais pela conquista do canudo. O local era um megaestacionamento.

Aproximei-me e, depois que a roda de parentes, amigos e seguranças deu uma brecha, ofereci-me para ajudar. Foi difícil porque a polícia já havia sido chamada. A pouca luz do local não permitia ver com nitidez, mas tive a certeza de que o amassado no carro poderia ser sanado ali mesmo. Pedindo licença, medi um palmo à direita do afundado e bati ali com a mão fechada. Eis que tudo voltou à normalidade! O carro era novo e nem pareceu que fora amassado.

Bateram palmas, gritaram vivas e até jogaram a moça para os ares. A nova doutora, vertendo lágrimas, agradeceu-me e indagou como foi que consegui aquele feito. Respondi contando algo que ouvi, não me lembro de quem e nem onde foi. Senão vejamos: Uma novíssima fábrica ia ser inaugurada por um governante que já estava no recinto para ligar a chave geral. Banda de música, fogos de artifício, discursos etc., cessaram para a inauguração. Ao apertar o botão principal no painel de controle, S. Exa. especialmente convidada e todos os presentes tiveram uma triste surpresa: a fábrica não funcionou.

Correria de técnicos, liga – desliga, gritos, revisão de equipamentos e nada disso fez a fábrica “virar”. Lembraram de buscar noutra cidade um competente engenheiro especialista em montagem de fábricas. O intrigante é o fato de que aquela indústria tinha sido testada durante um mês. Num helicóptero, o dono da fábrica mandou buscar o dito engenheiro. “Não importa o quanto ele vai cobrar para resolver o problema”, disse o rico empresário.

Chegando no local, disse o técnic - “Dê-me um martelo”. Com a ferramenta na mão, ele mirou um ponto na carcaça metálica de um imenso grupo-gerador de energia e deu-lhe uma só batida. “Dá lá!”, ordenou. Acionaram o comando, a máquina “girou” e tudo funcionou. Foi uma grita geral!

Chamado em seguida para receber seus honorários, o engenheiro estimou: “São R$ 1.000,00 divididos da seguinte forma: R$1,00 por eu ter vindo até aqui e R$ 999,00 pela batida que dei na máquina.!” Diante dos porquês de todos, ele sentenciou: “Foi fácil vir até aqui. Difícil foi saber o lugar exato de bater na máquina”. Pagaram, calados, o homem que deu ali uma lição inesquecível.

(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região, membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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