Amigos, esta não é uma crônica clássica, de fatos
Amigos, esta não é uma crônica clássica, de fatos, personalidades, problemas, dores e sofrimentos. Nada, companheiro – ou companheiras, a sensibilidade feminina é mais emotiva e sensível. Depois este escrito nasceu de uma oportunidade e inspiração diferentes da vida agitada que você lê de manhã, tomando seu café e programando mais um dos seus dias. Nada disto, nasceu-me a inspiração de compartilhar com o mundo uma verdadeira felicidade do dia que está se findando. Vejam o cenári estou aqui na varanda simples da minha casa na fazenda, recuperada dos anos 1900, piso de lajota-pedra, telhado aberto em simplicidade, uma mesa familiar de dez metros, uma rede amarrada em dois postes. Passou a chuva fresca, o pôr do sol é apreciado ali da varanda, das árvores, pássaros de toda espécie que vão chegando ali no pomar do lado, arreliando com suas vozes o fim do dia. Tenho ali adiante um eucalipto e uma ameixeira secular, que recebem seus viajantes – curicacas barulhentas disputando e contando seus galhos, um casal de mulatas em pré-nupcial, os pássaros menores pegando beira em galhos de segunda... Amigos, aquilo é uma orquestra cantando o pôr do sol naquele silêncio que eu respeito... e aprecio solitário. E escuto Louis Armstrong cantando em sua voz grossa, lá de cima: oh, what a beautiful day! O sol está baixando, a sombra vai subindo pela parede da capela, os pássaros todos vão se calando, algum berro de vaca lá longe chama sua cria nova. A noite vai chegando sem aviso de qualquer aviso humano. Apenas um silêncio curioso, porque existe de fundo musical uma orquestra dos insetos noturnos que vão tomar conta do teatro. Finalmente, ali da rede, descubro que é noite, escureceu sem eu ver ou saber, sozinho-inho, eu na natureza, feliz, entusiasmado... e porque não, dando graças ao bom Deus, que fez aquela festa toda... para mim! E penso em tanta gente que se agita, corre, sofre, não entende, não procura e não conhece o milagre tão simples que eu vi e ouvi. Recordo a minha própria vida, agitações e lutas que nunca acabaram, as vezes em que voei ou pousei meu avião em condições proibitivas... talvez para ser poupado e assistir a este teatro dizend Filho, isto é o que vale. A noite foi entrando sorrateira, sem alarme, como se dissesse: Tem coisa mais bonita ou melhor? Eu só acho de fazer um pelo-sinal e dizer: Tem não, Pai!