O homem mesmo sem saber o que lhe será a velhice, ardentemente anseia pelos festejos dos seus cem anos. Cada espécie de animal possui uma velocidade de envelhecimento que determina a duração de seu período vital. Dos mamíferos, o homem é o de maior longevidade. Sabe-se que há quatro fatores que desencadeiam a perda da vitalidade, considerando a de maior relevância, a divisão e a substituição celular. A Gerontologia mesmo dentro de seu maior esforço, não tem conseguido alterar a duração vital do homem, mas tem logrado êxito ao fazer com que cada qual viva o quanto de seu período vital. Envelhecer é um processo biológico natural que se liga a uma serie de variáveis—e que a variável mais incisiva a longevidade humana, é a perda da capacidade de reprodução ou substituição celular. Tem-se que as células novas produzidas por um organismo idoso, não apresentam a mesma capacidade daquelas geradas por um recém-nascido e que, determinadas células acabam por divisões reduzidas como ocorrem no sistema imunológico. Almejar uma vida longa é um desejo de todos, fato indiscutível. Quando isso é almejado, imagina-se uma vida dentro da beleza da juventude. Segundo a mitologia grega, “Titono rogou a Zeus para que lhe concedesse a imortalidade. Viveu longamente. Se esqueceu porém, de pedir a eterna juventude. Envelhecido, sem mais vigor, voltou rogar a Zeus que por piedade, não lhe tardasse a morte.” Quando a medicina paliativa objetiva manter o indivíduo vivo sem lhe restituir o saudável da vida, corre o risco de estar criando modernos Titonos. A Fisiologia tem demonstrado que a estrutura humana obedece a um período vital, sendo impossível prolonga-la ao quanto se almeja. Mesmo consciente dessa impossibilidade, a ciência continua confiante na promissora evolução das células-tronco. Um dia, o homem com outra estrutura orgânica, certamente alcançará os cem anos—até porque, há grande esperança da ciência alterar dentro de um relativo, o ritmo de envelhecimento na criatura humana. Até que tal venha acontecer, na triste linha da verdade, a velhice é o lado inerte da vida, onde a estrutura física se rende a dominância da fadiga muscular. Não acreditar nessa realidade, é iludir-se poética e alegremente. O que primeiramente se esvai no idoso, é o sentido do Amanhã. O Amanhã é a Esperança. Um coração que pulsa sem o Amanhã, lhe será indiferente se pulsar mais um ou menos um dia. Suportar uma velhice sem Esperança, que idiota ilusão!... Que beleza se espera de um viver cem anos incógnitos? Buscar a longevidade pela ciência é um consentimento Divino—mas, há de não se esquecer, que a extensão da vida primeiramente se enlaça nos desígnios da Providência. Ao velho, o que melhor lhe possa restar em seus derradeiros dias, é assistir o seu plantio e reconhecer de haver trilhado com muita seriedade, o cominho que deveria ter seguido e, sentir-se tranquilo de que o percorreu do melhor modo que lhe foi possível fazê-lo. Isso é “O MELHOR DA VELHICE... NADA MAIS QUE ISSO.”
(*) Odontólogo