Macacos e homens são animais que mais se identificam geneticamente
Macacos e homens são animais que mais se identificam geneticamente. Quanto ao comportamento, ainda não se sabe se aprendemos com eles ou eles aprenderam conosco, ou juntos aprendemos as formas equivalentes de viver. Equivocadamente, alguns chegaram a pensar que descemos das árvores para a vida ereta e errante pelo chão. Como espécies diferentes, há, no entanto, uma raiz comum que a evolução nos tangenciou, embora isso não despreze outras formas de pensar. Que cada um cuide de fundamentar a sua, a minha é a incerteza.
Agora, quanto ao filme “Mundo dos Macacos – a Origem”, de longe toca nesse assunto, ou melhor, nem toca no assunto. O enredo é outro; ética no campo dos experimentos. Esse filme começa assim; um jovem cientista e promissor faz as suas experiências em macacos aprisionados em caça florestal, a fim de encontrar a cura da doença degenerativa de seu pai, provocada pelo Alzheimer. Enquanto os experimentos avançam e têm apoio do laboratório, a sua relação com a pesquisa é desprovida de pudores. Ao apresentar o experimento aos sócios do laboratório, é surpreendida por uma macaca que se tornara violenta por se sentir invadida em sua prenhez. Assim, com esse infortúnio, perdeu o emprego e os seus macacos foram executados, exceto a cria daquela que se revoltou. No entanto, o filhote sobreviveu porque fora levado para a sua casa, permitindo que as experiências fossem levadas a cabo.
Seguindo com os experimentos, o pai se recuperava devido às injeções de reconstituição de suas células saídas do macaco, porém foi uma cura aparente. O cientista, crendo que encontrara a fórmula da cura, retornou ao laboratório, foi readmitido e novos macacos foram capturados para que ele seguisse com os experimentos. O seu pai se recuperava do Alzheimer, enquanto o macaco se tornava cada vez mais inteligente, mais humano e conhecedor das verdades que permeiam o mundo humano; o ciúme, a raiva...
O cientista, no entanto, ao perceber que a cura era aparente, tentou encerrar a pesquisa, sendo impedido pelo laboratório. A partir desse momento, o filme se torna macaco alargado pelo pensamento humano. Ao levarem o macaco para a prisão devido a uma agressão ao vizinho dos protagonistas, ele sofre com a indiferença, com o abandono, com a perseguição do carcereiro e resolve liderar uma rebelião a partir da prisão. Ele demarca o seu território, escolhe os aliados, humilha os adversários e lidera a fuga, invadindo outros zoológicos e partindo para a cidade. O líder dos macacos, César, talvez em homenagem ao imperador romano, poupou os civis e vingou nos cientistas dos laboratórios as suas agruras na prisão sem antes se esquecer de menosprezar quem o criou.
A invasão à cidade é seguida de mortes de ambos os lados, com macacos que se solidarizam entre si. Humanos morrem também sem que houvesse solidariedade. Enfim, não há vencedor no enredo. O que vale neste filme? O espetáculo das imagens, mais nada.
(*) Professor