No próximo dia 15, iremos celebrar a festa da Padroeira de Uberaba
No próximo dia 15, iremos celebrar a festa da Padroeira de Uberaba, da Mãe de Jesus. Seu nome é Maria. Maria de Nazaré, Mãe de Jesus. Ela é símbolo de amor, de fé, de confiança e de compromisso com o Projeto de Vida que nos foi enviado pelo Pai.
Quase todos nós conhecemos o filme de Pasolini, O Evangelho segundo São Mateus. Um filme que despertou as reações mais contraditórias. Se por um lado foi premiado pelo Centro Católico Italiano de Cinema, por outro foi acusado de reduzir a figura de Jesus a um simples condutor de massas.
Não vamos analisar opiniões tão divergentes. Quero apenas lembrar uma das cenas de maior pureza poética já vistas por mim numa sala de cinema. Cena de uma plasticidade tão rica de forma e tão profunda no seu significado, que ainda hoje me faz refletir e me comove.
Na porta de um casebre humilde, dessas casinhas tortas, mal construídas e sem o mínimo conforto, uma jovenzinha, rusticamente vestida, com um ventre enorme, olha seu noivo, que se afasta. Sei que, dificilmente, verei outra face tão triste, de uma tristeza tão tranquila e serena. Ainda hoje reflito no drama daqueles dois jovens. Não consigo entender bem o que aconteceu, quando aconteceu e como aconteceu. Há alguma coisa dentro do drama que não me foi explicada. Fogem-me o antes e o depois. Há pormenores que escapam da narrativa. Dois dramas diferentes machucando a alma de dois jovens que se amavam. Ele, partindo para não condená-la ao apedrejamento. Ela, decidindo esperar para não magoá-lo. O amor no coração dos dois era tão intenso que se quebraria em pedaços se alguma palavra fosse dita, confundiria todos os esquemas humanos. Foi necessário que um insight explodisse no coração daquele jovem que fugia para que ele voltasse atrás, provavelmente sem compreender por quê. “Volta, José, não sejas precipitado, não temas tomar aquela menina, Maria, por tua esposa. Ela concebeu muito além de toda intervenção humana, por obra do próprio Deus, através da força de seu Espírito.”
O que sempre caracterizou a vida daquela menina foi um tranquilo sentido de espera. Sua vida foi toda ela uma espera, na humildade, na pureza, na confiança, na paz. Quem realmente crê não se abala.
O nome daquela moça era Maria, Maria de Nazaré, a mulher que assume, que não discute os projetos de Deus e nem pesa as consequências de uma opção de vida.
Seria ridículo se associássemos o nome daquela moça apenas ao folclore, aos terços, às romarias, às imagens, aos títulos de rainha. Ela é uma simples camponesa, mulher do povo. Ela é ponto de referência numa dolorosa caminhada de salvação. Com seu silêncio, ela firmou com seu Filho o preço de nossa paz, de nossa libertação. Ela não ostenta coroa nem adereços. Ela é mulher do povo. Do povo pobre. Ela assumiu o Plano do Pai com seu filho Jesus. Abençoe-nos, Mãe.
“Simplesmente porque sois Maria, simplesmente porque existis, Mãe de Jesus Cristo, muito obrigado” (Paul Claudel)
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro