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O ocaso de um ex-líder

Metalúrgicos do ABC Paulista lotavam campos de futebol em assembleias lideradas pelo sindicalista....

Mário Salvador
mariosalvador@terra.com.br
Publicado em 08/11/2016 às 20:08Atualizado em 16/12/2022 às 16:42
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Metalúrgicos do ABC Paulista lotavam campos de futebol em assembleias lideradas pelo sindicalista Luiz Inácio da Silva para debater acordos com empresários do setor, engendrando conquistas expressivas em salários e contratos de trabalho. Carismático, Lula partiu para a militância na política, alçando altos voos, ajudando a fundar o PT – Partido dos Trabalhadores. Esse partido, mesmo com a corrupção já então vicejando em terras brasileiras, não faria manobras escusas; objetivava defender os ideais da Pátria.

Líderes se reuniram em torno de Lula. E Luiz Inácio teria, na época, moral e força para afirmar que “neste Congresso Nacional existem 300 picaretas”. Já bom entendedor do movimento político, candidatou-se à Presidência da República, sendo derrotado por Collor e, em nova tentativa, por Fernando Henrique Cardoso. Lula e o PT, tendo como adversários políticos os empresários (a chamada classe dominante ou elite), entenderam que, se não mudassem a estratégia, nunca ganhariam a eleição presidencial. Numa carta à nação, Lula transformou-se no Lulinha Paz e Amor, prometendo respeitar o empresariado e, por tabela, as elites.

Derrubada a barreira que o impedia ser eleito, Lula tornou-se Presidente. De líder nacional, passou a mundial. É celebre a forma como foi apresentado por Obama, presidente dos Estados Unidos, aos demais presidentes de nações poderosas, em reunião de cúpula: “Este é o homem! Grande líder político! Poderá ser Primeiro Secretário da ONU!” Assistindo, pela internet, às gravações desse encontro de líderes, sentimos saudades de Lula como grande líder. Lula foi reeleito Presidente e passou depois o cargo à desconhecida Dilma, que ele conseguiu reeleger, numa campanha de acusações absurdas aos adversários.

Tramado por José Dirceu, que Lula jurou não conhecer, veio o mensalão, que consistiu em operações de compra de votos no Congresso – o mesmo que, por certo, abrigava “300 picaretas que se vendiam”. E, através do Petrolão, fonte de vultosas propinas a partidos – principalmente para o PT – políticos e partidos políticos ficaram bem de vida. E a Petrobras, maior empresa do Brasil e uma das maiores do mundo, quebrou.

Com a Operação Lava Jato encarregada de punir aproveitadores e recuperar valores, o líder de outrora se apequenou, envolvido em muitas das operações de desvio de verbas da estatal e outras situações que podem prejudicá-lo criminalmente. Ao deixar o Palácio onde se hospedou por oito anos, levou consigo objetos que pertencem à Nação. O poder conseguiu corromper Lula e o PT. Com isso, muitos políticos ligados ao PT foram condenados. E, nas últimas eleições, o PT emplacou vexame nacional.

O poder nem sempre corrompe. Tudo depende do caráter de quem o ocupa. Quem opta pela ambição em detrimento dos interesses do país, mais cedo ou mais tarde experimenta o gosto do ocaso, da derrota e o peso da justiça. Mesmo que um dia esse alguém tenha sido aclamado grande líder mundial.

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