Recebi dia desses um telefonema da cidade gaúcha denominada Selbach, situada a 280 quilômetros de Porto Alegre. O dono daquela voz masculina, identificando-se como sendo o cidadão Paulo Luiz Rotta, dizia assim: “Estou lhe telefonando por saber que o senhor é autor de um livro que aborda a vida do andarilho das estradas. Esse assunto me comove muito, e o que devo fazer para conseguir um exemplar da obra?”. Eram 16h do dia 28/05/2013.
Passado a emoção do momento, prossegui num bom bate-papo com o meu interlocutor que me revelou ser cirurgião-dentista e sua cidade possui cinco mil habitantes. Selbach é chamada carinhosamente de Cidade das Flores devido a seus lindos jardins, praças e belas áreas de preservação permanente. O respeito de sua população ao meio ambiente, enfim, segundo ele, é o predicado que justifica o segundo nome que sua cidade ganhou.
No ato, me lembrei do meu “Nego Véio”, o andarilho “São Bento”, e o agradeci por tudo que ele tem me proporcionado. São sete anos contados de 23/03/2006 e até hoje ele só me permitiu viver experiências agradáveis. Esta que estou narrando é mais uma da série. Paulo Luiz Rotta me confessou que quando vê um andarilho nas estradas lhe bate um sentimento estranho; em seguida estaciona o carro e aborda o andante, propondo prestar a ele alguma ajuda. E aí lhe afiancei: "Tenho comprovado que em cada um de nós existe um andarilho".
O amigo achou meio estranho, ou interessante, eu ser um profissional da área de ciências exatas e conceber um livro de cunho social. Comentei com ele que o meu amigo Dr. Tolstoi Junqueira de Morais - psiquiatra de renome - não tinha até então em sua vasta biblioteca uma obra sobre o andarilho. “São Bento” está lá, entre vários autores famosos. O inusitado fica por conta do encontro que tive com Tolstoi minutos depois, sem que tivéssemos combinado. Aliás, o escritor russo Liev Tolstoi (1828/1910) um dia largou tudo e saiu pelo mundo experimentando a vida de andarilho.
Mesmo estando esgotado o livro “O andarilho; quem é ele?”, tirei água da pedra, mas consegui um exemplar e o enviei ao gaúcho Paulo Luiz Rotta, juntamente com outras publicações sobre o tema, inclusive esta crônica.
Eis o poder que tem o livr uma vez publicado, só Deus sabe aonde ele vai chegar.