Segundo antropólogos, do ponto de vista evolucionário, o riso tem a função de ajudar a controlar sentimentos negativos e reduzir conflitos, aplacando stress e tensões. É mais interessante, então, refugiar-se na ironia e evitar a irritação.
A diversão pelo absurdo surge sem reavaliações mentais: se alguém escorrega em uma casca de banana ou age de forma atrapalhada, isso nos leva a rir, porque extrapola os limites do habitual ou do socialmente aceitável. Esse tipo de nonsense diverte principalmente as crianças, mais risonhas que os adultos e mais felizes.
O humor não cura nenhum distúrbio psíquico, mas fornece a pessoas depressivas um recurso importante, principalmente no combate aos pensamentos negativos.
Para Freud, o humor funciona como uma espécie de válvula de escape psicológica, impedindo a pressão do recalque e ajudando a lidar com as angústias inevitáveis.
As anedotas têm algo em comum: despertam no leitor algum sentimento de superioridade. As pessoas frequentemente riem quando se sentem acima das outras.
A teoria da superioridade explica também porque, às vezes, grupos inteiros são expostos a chacotas, o que caracteriza um grupo que quer se sentir melhor à custa do outro.
Igualmente preocupante é a constatação de que piadas que apelam para o sentimento de superioridade têm efeito surpreendentemente forte sobre a autoimagem das pessoas.
Assim, pode-se partir do princípio de que piadas influenciam potencialmente a autoconfiança e o comportamento das pessoas. Isso é preocupante, pois significa que elas criam um mundo em que os clichês se tornam realidade.
Para estudar o humor, cientistas organizaram, pela internet, uma coletânea de piadas, e avaliações delas, no decorrer de um ano, com o propósito de analisá-las, cientificamente. Participantes deveriam classificar cada história cômica, segundo uma escala de cinco pontos. As que recebiam notas mais baixas seriam as de menor graça e as mais engraçadas recebiam 4 e 5.
Ao fim do experimento, os estudiosos haviam reunido 40 mil textos cômicos, avaliados por mais de 350 mil pessoas de 70 países. Os pesquisadores chegaram à piada mais votada, com a qual a maioria das pessoas sorri, e que teve aprovação de 55% dos voluntários. Mas os próprios cientistas reconhecem que ela leva muito poucos a uma verdadeira gargalhada. Ou seja, mais que aprovada, ela foi menos rejeitada. E concluíram que nenhuma cena, frase, história ou ideia cômica pode alegrar todos e, igualmente, levá-los ao riso.
O equivalente psicológico da resistência física é a resiliência, uma espécie de “força mental”, expressa na capacidade de suportar crises, perdas ou frustrações e encontrar algo positivo, mesmo em experiências dolorosas. Existe uma relação entre a resiliência e a postura bem-humorada diante das mais variadas situações cotidianas, o humor fortalece o psiquismo e ajuda as pessoas a enfrentar dificuldades.
(*) Psicóloga clínica