A greve dos caminhoneiros, ainda em curso, parou o Brasil, tornando evidente a força e o poder desta classe de trabalhadores, antes ignorada e desprezada pelo governo federal.
O intenso noticiário sobre a greve não deixa dúvida de que o governo Temer não tinha noção do poder de fogo dos caminhoneiros. Há tempos, representantes desta classe de trabalhadores já vinham encaminhando ao Palácio do Planalto uma pauta de reivindicações, fato amplamente divulgado na mídia.
Inúmeros pedidos de socorro foram feitos pelos representantes dos caminhoneiros autônomos ao governo. Apesar disso, dentre outras dificuldades que se interpuseram à lida diária da classe, o preço do combustível continuou sofrendo aumento constante e abusivo. Os últimos apelos ao governo foram acompanhados deste recad o não atendimento às reivindicações levaria a classe a entrar em greve a partir de 21 de maio.
A greve anunciada se tornou realidade, mas poderia ter sido evitada se o governo levasse as justas reivindicações dos caminhoneiros a sério. Agora, o povo quer saber como essas ameaças de greve foram recebidas pelo governo. É provável que os ministros tenham desprezado o ultimato, certos de que a greve consistiria em meia dúzia de caminhões parados em algum ponto do país. Os ministros cometeram um erro ao subestimar o poder dos heróis caminhoneiros: o movimento ganhou vulto e contou com o apoio total do povo brasileiro, já farto da hipocrisia dos governantes corruptos.
Agora, o governo sente o sabor amargo da culpa por ter levado de barriga a situação, abstendo-se de atender aos pedidos justos dos caminhoneiros. E a questão, antes somente daquela classe de trabalhadores, avolumou-se a ponto de interferir em toda a economia brasileira, que agora arca com severos prejuízos. Diariamente, pecuaristas têm perdido milhões de litros de leite, por falta de transporte para levar a mercadoria até os laticínios. O número de frangos mortos por falta de ração está na casa dos milhões. O abastecimento de hortigranjeiros está totalmente comprometido; estoques estão no fim e os preços, nas alturas. Faltam medicamentos. Hospitais precisaram suspender muitas cirurgias. Em muitas escolas, especialmente naquelas em que falta merenda, as aulas estão suspensas. Nem por isso a população deixou de apoiar a classe. E essa indignação dos brasileiros está no noticiário do mundo todo.
Pode ser que agora o governo federal estude a possibilidade de traçar um Plano Ferroviário Nacional para o transporte de pessoas e mercadorias, como o que rege as potências mundiais.
Dirigir um país está muito longe de ser essa brincadeirinha que nossos políticos corruptos imaginavam. Agora, somente um acordo digno conseguirá dar cabo da greve dos caminhoneiros e tornará possível a volta à normalidade no país.