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O potencial da sucupira no tratamento da osteoartrite

Na semana passada, falamos sobre as propriedades medicinais da semente da sucupira.

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 01/11/2011 às 10:07Atualizado em 19/12/2022 às 21:35
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Na semana passada, falamos sobre as propriedades medicinais da semente da sucupira. Hoje trataremos especificamente do seu potencial como alternativa no tratamento da osteartrite. Alguns grupos de pesquisa têm se dedicado, tanto no Brasil como no exterior, a estudar os componentes dessa planta para comprovar e quantificar seus agentes terapêuticos, principalmente na diminuição dos sintomas da osteoartrite.

Pesquisas desenvolvidas na Universidade Estadual do Ceará (Uece) têm estudado a ação do óleo da sucupira em inflamações neurogênicas, ou seja, aquelas originadas pelas fibras nervosas locais, com aumento do fluxo sanguíneo e consequente inchaço ou edema. Os primeiros resultados em camundongos mostraram efeito anti-inflamatório local, atribuído à presença de metabólitos vegetais chamados terpenos.

Outro grupo de pesquisadores do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem focado seus estudos na capacidade analgésica da Sucupira, o que foi comprovado por duas pesquisas importantes já concluídas. O mesmo resultado vem sendo observado por diversos pesquisadores internacionais, principalmente na inibição da dor nociceptiva, já discutida aqui anteriormente.

Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro têm observado a ação do extrato alcoólico da sucupira na supressão ou diminuição de células T e B. Essas células compõem o nosso sistema de defesa e estão relacionadas a doenças autoimunes, quando o organismo começa a se defender e destruir partes dele mesmo, como acontece, por exemplo, em pacientes com artrite reumatoide. A imunossupressão observada nesse estudo por substâncias da sucupira indica seu potencial terapêutico no controle da resposta imune exagerada e, consequentemente, no tratamento de doenças autoimunes e doenças inflamatórias crônicas.

Grupos internacionais de pesquisa também têm desenvolvido investigações com a Sucupira. Há uma iniciativa recente de pesquisadores da Universidade de Ciências da Saúde do Oeste, na Califórnia, sob a orientação do Dr. Steven Sampson, em pesquisar o efeito da sucupira na diminuição de algumas moléculas inflamatórias chamadas citocinas, como a interleucina-1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF-alfa). Há indícios em pesquisas realizadas na Austrália e nos EUA de que a sucupira possui a capacidade de inibir o fator nuclear kappa (NF-K), uma proteína envolvida na resposta celular a estímulos causados pela liberação de citocinas, além de outros fatores.

Essas e outras investigações mostram o quanto é importante desenvolver e aprofundar pesquisas com produtos naturais para a comprovação de suas atividades farmacológicas. O foco agora é detalhar a ação do óleo ou extrato da sucupira na diminuição da dor e da inflamação e conseguir produzir, no futuro, medicamentos comercializáveis. O uso de produtos naturais, sempre visto como inofensivo pela população, depende de comprovações científicas que validarão seus resultados, o que permitirá estender os benefícios dos fitoterápicos para toda a sociedade.

Referências

Cardoso CC, Pinto AC, Marques PR, et al. Supression of T and B cell responses by Pterodon pubescens seeds ethanolic extract. Pakistan Journal of Biological Sciences 2008; 11(19): 2308-13.

Spindola HM, Servat L, Denny C, et al. Antinociceptive effect of geranylgeraniol and 6a, 7b-dihydroxyvouacapan-17b-oate methyl ester isolated from Pterodon pubescens Benth. BMC Pharmacology 2010; 10(1):1-10.

 

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