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O progesso!

Estamos vivendo a época cibernética – nome que o Dino arrenega

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 01/06/2011 às 20:05Atualizado em 20/12/2022 às 00:02
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Estamos vivendo a época cibernética – nome que o Dino arrenega, não por ter necessidade, mas sim porque pensa que é algum nome feio. Tentei explicar-lhe que cibernética é um conjunto de máquinas, fios elétricos que são operados por gente atual, diplomados neste curso e dirigentes não apenas das suas máquinas (chamadas computadores), mas ainda, e mais importante, gerenciam a ordem (?) das nossas vidas.

Abandonando a ignorância do meu filósofo, resolvi, por conta própria, fazer minha avaliação do que chamamos “progresso”. Já de início, levei bomba: o celular que o Luiz Garcia me deu de presente só funciona na mão da Cida. Tem duzentas habilidades, mas eu não consigo jamais encontrar o que me interessa. Faz mágicas, tira retratos, verifica a bolsa, guarda e manda recados, consulta imposto de renda e multas no trânsito – diabos, pra que eu vou precisar disso? Toca música, eu quero ouvir um concerto de Beethoven – o danado explode com um berreiro da mocidade gritando um DJ (fale, dizei, meu companheiro!). Bem, pelo menos ele obedece ao toque de desligar, que eu aperto exatamente na hora em que meu comprador da novilhada mocha estava me chamando – e vou perder o negócio? Bem, outra vez em consolação, tem muita gente entendida e usuária da computação. A garotada, então, nem se fala. Sem um computador na mão ou mesinha do quarto, eles ficam surdos-mudos para nós mais velhos. É a conversa mais desgraçada para mim – e meus colegas. ’Tá lá na mesinha o Igor transmitind “ai-pade” é bobeira, irmão! O que é mais ligeiro é “ai-pode”, que eu entendi mal e nome feio. Onde já se viu falar isto alto perto das minas? Ou meninas, corrijo. Mas vou além: lá no meu escritório só trabalha e embaralha o tal computador.

Vou à Polícia Federal retirar meu novo passaporte, tudo é novo e cheira a progresso. O rapaz que ia me entregar o documento pronto e computadorizado explica: agora o trabalho digital nosso aqui é mínimo. É apertar as teclas, veja, e tudo está chegando em Brasília, até impressão digital, que vão me dar de volta agora!... E aí deu zebra, o tal computador de Brasília parou ou ficou mudo, o que aqui ia sair em cinco minutos virou papo de quarenta minutos com o meu operador de Uberaba. Aliás, carioca lá de Jacarepaguá, que no meu tempo a garotada soltava papagaio e balão, agora aperta botão e fica vendo filme de sacanagem à noite.

Subindo mais, vejo a Folha de São Paulo nos “Ai Ai Fode” e tudo mais deste mundo decidindo nossa vida e destino. Olha, se Deus não comprar um desses computadores gigantes, vai ficar por fora, adiar julgamentos e providências. Os governos vão “dar de finca” no mar da confusão geral. Aí, então, quem sabe o tal progresso vai implodir e eu perguntar, lá no Patrimônio do Rio do Peixe: gente, tá dando peixe na lagoa? Como, traíra, bagre nada? Mas já está bem. Traíra temos em todo lugar, afinal.

(*) Médico e pecuarista

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