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O que é a verdade?

Verdade, minha gente, é somente a notícia de hoje e agora. Sai no jornal ou na televisão, vira lei. Não me esqueço do caso que me contou o irmão José Humberto. A notícia no jornal era simples

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 02/09/2009 às 21:04Atualizado em 20/12/2022 às 10:49
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Verdade, minha gente, é somente a notícia de hoje e agora. Sai no jornal ou na televisão, vira lei. Não me esqueço do caso que me contou o irmão José Humberto. A notícia no jornal era simples: um moço achou na rua uma carteira de dinheiro perdida. Dentro tinha o cartão e endereço do proprietário, e uma grana grossa. O moço foi na polícia, denunciou seu achado e foi procurar o dono legítimo da carteira e do dinheiro. É claro, isto deu notícia de jornal. Pois bem, o tempo passou, e daí a uns tantos anos aquele moço foi pedir emprego numa certa empresa. O diretor chamou seu secretário e assistente, estudaram o caso do candidato desconhecido. Ninguém o conhecia, mas um deles leu bem o nome do distinto, e chamou a memória para ajudar. No simples, falou pro patrã doutor, eu não conheço o moço – mas lembro do seu nome, sei que há uns tantos anos atrás ele esteve na polícia, parece que envolvido no caso de uma carteira de dinheiro, na rua, sei lá... Pois é, em final simples, o moço não foi contratado, quem sabe era ladrão batedor de carteira, etc. Agora você vai me perguntar: pra que esta lereia toda, seu João? E eu tenho que explicar: cuidado, gente, com a notícia de escândalo. Ela é chamativa, sai na manchete do jornal ou da TV, enfeitada, atrai o público, e se faz sucesso, transforma-se em novela de vários capítulos. Na pressa de ser pioneiro ou primeiro, o comunicador enfeita o escândalo, põe-lhe cores berrantes, tamanho, responsabilidade e se possível, apelações de horror ou morte. Apontam informações secretas, que não podem revelar... e o público desprevenido acredita mais no boato e no segredo que na verdade esquecida ou ocultada. Quem gosta de ópera vai lembrar-se de uma ária do Barbeiro de Sevilha: La calunia, é um ventinho, uma aura discreta, que insensível e sutil, vai crescendo, crescendo como um estrondo de canhão... e o coitado inocente, humilhado e espezinhado, sofre em vida seu flagelo final. Caramba, agora fui fundo, vão me perguntar por que, e respondo. Em primeiro lugar, meu amigo, cuidado com todas as notícias e novidades escandalosas. Pra não repisar aqui, vejam os acontecimentos nacionais. No ano que vem teremos eleição grossa, de presidente e todo seu time. O tiroteio já começou, vocês viram nos escândalos do Senado e guerrilhas na Câmara. Já estão exaltando candidatos e humilhando outros, alguma coisa é verdade, outra é mentira ou calúnia. Eu por mim, busco não carimbar nomes, tudo é mutável neste Brasil. Apenas, e isto é lamentável: o nosso reino está podre. Existem mentiras, calúnias ou fofocas aparentemente inocentes, e alguém que achou carteira pode levar graxa e nome sujo. Por tudo isto, meu amigo leitor, cuidado. Não seja inocente em engolir tudo que é quente. Espere, analise, goiabada no tacho espirra na gente. Com calma e tempo, a verdade aparecerá. Fico com Tião Carreiro e Pardinho, lamentand a coisa tá feia, a coisa tá preta... quem não for filho de Deus, tá na unha do capeta!

(*) médico e pecuarista

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