ARTICULISTAS

O rabino e o Papa

Cada um de nós ocupa um espaço geográfico

Padre Prata
thprata@terra.com.br
Publicado em 14/04/2013 às 13:33Atualizado em 19/12/2022 às 13:39
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Cada um de nós ocupa um espaço geográfico bem limitado. Não é o mais importante. O espaço geográfico é físico. Há outro tipo de espaço cujo valor dá sentido à nossa vida. É o “espaço social”. Cada um de nós tem seu modo de viver que lhe é peculiar. Não somos iguais sob nenhum aspecto. Divergimos em todas as áreas. Temos um modo de pensar e de agir que nos identifica. É o meu “eu profundo”. Indevassável. Divergimo-nos uns dos outros não apenas fisicamente. Nossa identidade não é somática. O que faz com que eu seja eu mesmo é meu modo de ser, de pensar, de crer, de agir e reagir. Em meu “self” ninguém tem o direito de interferir. Tenho meu modo de ser pessoal e ninguém tem nada com isso. É uma injustiça invadir o modo de ser do outro. Cada um de nós é livre para escolher seu modo de vestir, ter suas escolhas políticas, religiosas, esportivas, alimentares, literárias, minha vida enfim.

A revista “Veja” publicou no último dia 10 um diálogo (“Conversa na Catedral”) entre o rabino Abraham Skorka com o Papa Francisco. A revista dá o nome de “Um duelo de inteligências” ao diálogo dos dois religiosos. Respondendo sobre o ateísmo, diz o Papa: “Quando me encontro com pessoas ateias, compartilho com elas as questões humanas (...) O humano é tão rico para compartilhar, para trabalhar, que tranquilamente podemos complementar nossas riquezas”. Sobre o homossexualismo, o rabino assim se expressa: “Eu respeito qualquer indivíduo, desde que mantenha uma atitude de recato e intimidade”. Sobre o divórcio, diz o Papa: “Hoje, na doutrina católica recordamos a nossos fiéis divorciados e casados de novo que não estão excomungados (...) e lhes pedimos que se integrem à vida paroquial”. Sobre o mesmo assunto, o rabino é bem mais abert “Na religião judia, a instituição do divórcio existe. Para o judaísmo, quando o casamento não dá certo, então ajudamos a formalizar o ato do divórcio”.

No livro “Conversa sobre a Fé e a Ciência”, o bate-papo entre o cientista Marcelo Gleiser e o religioso Frei Betto merece ser lido. De um lado um cientista ateu, do outro um frade católico. Não há críticas, não há agressão, não há menosprezo. Trocam ideias, procuram os pontos em que se aproximam. Depois de ler esse diálogo, você chega à conclusão de que criticar a religião do outro é burrice.

No livro citado, um deles recorda a resposta a uma pergunta feita ao Dalai Lama: “Qual a religião que o senhor considera a melhor delas?”. A resposta veio na hora: “A melhor religião é aquela em que você se sente bem”. Você pode discordar, mas o santo guru foi educado e inteligente.

 

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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