ARTICULISTAS

O silêncio da grande amiga

É muito difícil, para mim, escrever sobre o silêncio

Mário Salvador
mariosalvador@terra.com.br
Publicado em 27/05/2014 às 19:23Atualizado em 17/12/2022 às 09:49
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É muito difícil, para mim, escrever sobre o silêncio imposto à Dona Terezinha Hueb de Menezes. Ela foi uma grande e fraterna amiga, além de colega na Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Bendigo a hora em que, numa reunião festiva, Dom Alexandre Gonçalves do Amaral teve a feliz iniciativa de sugerir o nome dessa professora-educadora-escritora para ocupar a cadeira 27, vaga pelo falecimento do fundador, Doutor Edson Prata. Dom Alexandre foi o primeiro a assinar o documento que datilografei lançando o nome dela, e todos apoiaram a iniciativa.

O autor da boa ideia passou a notificação às mãos da futura acadêmica, que ficou surpresa. Ela aceitou a indicação, cumpriu o ritual exigido pelo estatuto e foi eleita em assembleia, em 23 de fevereiro de 1991. E a partir desse momento, nasceu entre mim e Dona Terezinha uma fraterna amizade. Foi sempre assídua e permitiu-nos realizar reuniões em sua residência, possibilitando a participação de seu saudoso esposo, o estimado professor Murilo Pacheco de Menezes.

Participava dos problemas e das conquistas da Academia. Vibrava com as agradáveis reuniões e sempre me apoiou. Foi vice-presidente, em minha gestão, de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2009. Em princípio, relutante ao meu convite de aceitar a presidência da Entidade, depois de meus vinte e dois anos consecutivos na presidência (fevereiro de 1987 a fevereiro de 2009), acabou cedendo. Esse foi seu maior apoio.

Em 2006, reuniões e assembleias da Academia foram realizadas em seu Colégio (e lá continuaram durante sua gestão), em razão da reforma no prédio da Biblioteca Pública, onde ficava a sede da Entidade. Terezinha repetia, com graça: “Não sei como o senhor conseguiu ficar por tantos anos na presidência!”. E, ao final do mandato, não aceitou a reeleição.

Dentre suas inúmeras qualidades, sabia aconselhar a todos de forma inteligente: não criticava; apenas sugeria algo a ser feito (E sempre acertava!) para contornar, amenizar ou acabar com uma situação. Depois de buscar inspiração para abordar um assunto, afirmava: “O Murilo dizia que...” E citava o adorado esposo infinitas vezes para amparar as pessoas.

Religiosa, socorreu-me nos meus momentos difíceis. A família e eu rezávamos por ela. E ela, em situação bastante delicada, estava ligadíssima em minha situação, então bem crítica. Escreveu a uma de minhas filhas, em 12 de fevereiro, em resposta a um e-mail: “...Muito obrigada por suas carinhosas palavras. Continuo em orações. Confiemos em Deus e em Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. Mesmo doente, fico à disposição para o que se fizer necessário. Tenhamos fé: a bondade e o valor do querido amigo-irmão Dr. Mário merecem sua recuperação total. Abraço carinhoso e amigo a toda a família e nos dê notícias, por favor.”

Em seu velório, seus filhos foram unânimes em me informar: em toda oportunidade em que a mãe extremosa se comunicava com eles, perguntava por meu estado de saúde e pedia orações por meu restabelecimento. Continuaremos a orar por ela, em agradecimento por sua vida em comunhão com seus familiares, amigos, colegas da Academia, alunos e professores de sua escola, enfim, com todos os que tiveram oportunidade de conhecê-la. Que essa amiga-irmã descanse em paz!

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