ARTICULISTAS

O silêncio de Aldo

Nas minhas andanças a trabalho pela cidade, ainda adolescente, eu tinha o hábito de parar

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 22/12/2017 às 21:41Atualizado em 16/12/2022 às 07:56
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Nas minhas andanças a trabalho pela cidade, ainda adolescente, eu tinha o hábito de parar em alguns locais para disfarçar o cansaço. Montado em minha Göricke, eu varava Uberaba de ponta a ponta. O mural do jornal Lavoura e Comércio, os mostruários das fotos Shroden e Prieto, as vitrines da Notre Dame de Paris e o pão de queijo da Padaria Brasil faziam parte do meu trajeto. Na banca de jornais do Sr. Wilmondes Bastos, da Rua Artur Machado, eu parava para ver a programação dos teatros amadores TEU e NATA.

Ali, pela primeira vez, num cartaz,  vi a foto do ator, radialista e dublador Aldo Roberto Silva e pude conhecê-lo pessoalmente. A sua espontaneidade foi tanta que me fiz seu amigo e cultuamos a nossa amizade por mais de 50 anos. Tivemos vidas diversas, mas com um ponto em comum: gostamos da cultura e lutamos pela sua preservação. Vi Aldo em cena várias vezes, sempre com atuação impecável, aliás, esse era o seu padrão.

Nos aniversários de nossos filhos o palhaço Salsichachau se apresentou como emissário do riso, levando-o a sério enquanto todos riam. Ficará na história de tantas e tantas crianças de Uberaba.

Três episódios entre Aldo e eu me marcaram para sempre: quando lancei o livro “O andarilho”, em 2006, ganhei dele uma tela de Ovídio Fernandes retratando a figura do andarilho São Bento. Graças a Aldo Roberto, tenho uma viola que ele ganhou em 12/04/2008 no 50° Encontro de Folias de Reis, realizado no  Cine Municipal Vera Cruz.  Quando lhe ocorreu um acidente, o visitei algumas vezes e, mesmo imobilizado, me permitia, ao sair, estar melhor do que cheguei. Aldo Roberto não deixava a dor interferir no humor.

Na TV e Rádio, no programa Se Liga, Aldo fazia o gênero que o diferenciava. Haja talento para criar situações e sacadas originais! Perspicácia, tirocínio e irreverência vieram com Aldo para lhe permitir estar antes do lance. Quando se expressava, o fazia trazendo a piada pronta. Não é meu exagero afirmar que ele não perdia para um Ronald Golias, um Jô Soares e até um Chico Anysio.

No dia 16/12/2017, Aldo Roberto, aos 78 anos e sem saber dizer não, nos deixou para sempre. Nossa cultura, em especial as artes cênicas, está de luto. O silêncio de Aldo será o de sua querida Uberaba diante do seu nome, que, na saudade, jamais será esquecido.

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