Pra muita gente, a figura do treinador de futebol passa até despercebida. É!... Tem gente que acha que ele, o treinador, não é tão importante assim. Ora, se os jogadores forem bons, tanto faz se o técnico for o melhor ou o pior. Ele não pode entrar em campo. Quem faz o gol é o jogador, não ele. Treinador, pra um bocado de pessoas, está ali, na beira do campo, gritando, esgoelando, à-toa! Mas, não é bem assim. Pois, o futebol pode muito bem ser comparado a um jogo de xadrez. Não adianta o cara ter reis, rainhas, bispos e tudo o mais se ele não sabe realizar a melhor jogada e, o mais importante, no momento certo. Assim, se do outro lado do tabuleiro houver um bom jogador, ele pode estar com peões, simples peões, que vencerá o jogo. É assim também no nosso futebol. Adilson Batista, no Cruzeiro, e Mano Menezes, no Corinthians, são exemplos atuais de que os técnicos fazem sim a diferença. Mais do que isso, quando o time fica com a cara do técnico, comprova-se que a sua influência é muito maior do que grande parte dos torcedores imaginam. Os dois são raçudos: seus times também. E com essa raça toda, Raposa e Timão têm feito belas campanhas nas competições que disputam. Tanto que os dois foram campeões estaduais, o Corinthians conquistou a Copa do Brasil e o Cruzeiro segue rumo à Taça Libertadores. Mas, falemos de Uberaba Sport Club. Vi passar por ali quatro técnicos. Nenê Belarmino, Michael Robin, Pedrinho Rocha e Érick Moura. Cada um com seu jeito, deixou o time com a sua “cara”. Ora, a competência do Nenê não se discute. Ele foi um bom técnico. Além disso, os torcedores do USC devem se lembrar que foi ele quem ajudou o time a se safar do rebaixamento em 2008. Nenê era – não sei se ainda é – um cara meio sistemático, como diria meu falecido avô. Às vezes, ele até emburrava. Não falava com ninguém. Mas, ele dava valor à técnica. O time, por sua vez, era muito técnico. Tinha um bom toque de bola. Além disso, Nenê exigia o esforço máximo de cada atleta. O time, por conseguinte, demonstrava força de vontade do começo ao fim do jogo. Com ele o USC foi bem. Mas, passou. Foi embora. Depois, recebemos o Michael Robin. Para muitos, um aventureiro, um garoto crescido e que tinha vontade de ser técnico de futebol. Ele era um cara legal. Mas, como técnico de futebol ele deixava a desejar. O Robin dizia que já jogou no Flamengo. Mas, ele nunca foi boleiro. Ele não tinha a malícia necessária para isso. Talvez, por conta disso, não tinha comando. Não tinha os jogadores nas suas mãos. E assim não dá. Folclórico e com declarações no mínimo engraçadas, Robin apareceu mais por seus erros do que pelos seus acertos. Assim, o time também foi. Errou-se muito. Mas, o Robin tinha o carinho da torcida! Até bolo de aniversário ele ganhou após um treino. Tinha gente que achava que a imprensa estava querendo crucificá-lo antes da hora. Erraram. Ele mesmo se crucificou. E morreu após apenas começar a Via Crucis do Campeonato Mineiro deste ano. Perdeu o jogo de estreia contra o Ituiutaba e foi demitido na véspera da segunda partida, contra o Guarani de Divinópolis. No se lugar assumiu, o Érick Moura. Porém, saiu rapidinho, dando lugar ao Pedrinho Rocha, que fez uma campanha razoável, deixando o time na oitava colocação, ao perdermos nas quartas-de-final para o Atlético Mineiro. Pedrinho foi boleiro, o time ficou com cara de time. Mas, mostrando-se um tanto quanto inoperante do que diz respeito a correr riscos, Pedrinho deixou o time com uma cara muito normal. Enfim, campanha normal demais. Não foi marcante. Por isso, não ficou. Agora, novamente, Érick Moura, filho da terra, filho do USC – criação colorada. O Érick tem uma coisa muito boa em relação aos outros técnicos: os jogadores gostam dele. Ele fala a língua dos atletas. Isso é imprescindível. Acredito firmemente que se o time ficar a “cara” do Érick teremos, senão um time conquistador de títulos, uma equipe aguerrida e competitiva. Érick já mostrou que é um vencedor ao assumir uma equipe profissional de renome nacional, agora precisa mostrar aos jogadores do que eles são capazes. Eu não duvido.