Participei, no último dia 18, do evento de lançamento do livro O TOQUE DE XANGÔ – A Saga
Participei, no último dia 18, do evento de lançamento do livro “O TOQUE DE XANGÔ” – A Saga de um homem em busca de justiça para seu povo, de autoria do amigo e colega de profissão Vicente Higino.
Minha presença nesse evento foi especial, pelo privilégio de ler o livro antes dos demais, pela reponsabilidade de apresentá-lo ao público presente.
Com conteúdo de riqueza ímpar, embora seja classificado pelo autor como um romance, contém muito de História, Geografia, Sociologia, Antropologia, Erotismo e Espiritualidade.
O enredo do “O Toque de Xangô” é a saga de quatro gerações de uma família africana, cuja história se inicia com o personagem principal, denominado de Kuezida, aos 13 anos, logo depois de ter vivido o ritual de “virar homem” no território africano, é aprisionado e selecionado como mercadoria de qualidade para ser vendido em terras brasileiras.
A história prossegue com o relato da viagem em um navio negreiro, chamado pelo autor de nau dos insensatos, capítulo que emociona até o mais insensível leitor, tamanho o realismo dos fatos descritos sobre estupros, assassinatos, suicídios e violência de toda ordem.
Chegando ao Brasil, Kuezida e seu grupo viajam de navio costeiro, do Nordeste ao Sudeste, onde desembarcam, para seguir a pé da região de Parati para o interior das Minas Gerais, terminando seu percurso numa fazenda nos arredores da vila de São João Del Rei.
O sonho de liberdade do personagem, semelhante ao de Zumbi, leva-o a fugir para um quilombo, que, posteriormente, é atacado e, numa nova fuga, ele perde a vida numa luta para defender seu filho.
O filho de Kuezida cresce, torna-se adulto e, também, tem filhos que vivem numa senzala e continuam embalando o sonho de liberdade, carregando a responsabilidade de viver para continuar a história de seu povo.
E é isso que Vicente Higino faz enquanto afrodescendente que conta nossa História ao escrever “O Toque de Xangô” e chama a atenção para o fato de que a escravidão e o preconceito no Brasil, embora negados, ainda sobrevivem de disfarçados modos.
Vicente foi muito feliz na escolha da data para o lançamento de seu livro, cujo evento foi incorporado pela Fundação Cultural às comemorações da Semana Nacional da Consciência Negra.
“O Toque de Xangô” é um livro que recomendo aos leitores, pelo desenrolar da história e pelo epílogo surpreendente, que não contarei para não estragar o prazer da leitura...