A vida é marcada por opções e escolhas, às vezes responsáveis. A verdadeira opção envolve uma série de situações, nas escolhas propriamente ditas como nos objetivos a atingir. No Evangelho, Jesus diz aos apóstolos: “Vós também quereis ir embora?” (Jo 6,67). A resposta de Pedro condiciona a opção do grup “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras e vida eterna” (Jo 6, 68).
Ao falar de opção, não podemos desconsiderar a palavra “fidelidade”. Ela exige responsabilidade, porque as consequências podem ser drásticas em relação ao mal. Existe a liberdade, mas a consciência atinge a profundidade das decisões. A verdade e a justiça são parâmetros essenciais de condicionamento quando fazemos as nossas escolhas com o objetivo de fazer o bem.
Nos ensinamentos de Jesus encontramos um enunciado exigente: “Quem come este pão viverá eternamente” (Jo 6,58). Não é fácil entender o que ultrapassa a compreensão da sociedade. Isso exige uma opção de fé como dom de Deus. Não bastam critérios humanos para absolver as riquezas da proposta divina. Só o Espírito Santo é capaz de abrir a mente humana para entender o divino.
Podemos, hoje, usar as palavras de Pedr “A quem iremos” na hora de votar. Que critérios usar para deflagrar uma decisão tão difícil como a de escolher um político autêntico? Não só autêntico, mas alguém que não será contaminado e absolvido pelas maldades presentes no mundo da política. Está aí, diante de todos os brasileiros, o grande desafio, que não pode ser causador de apatia pela política.
A opção primeira não pode ser pelo sucesso, pela riqueza ou pelo poder. O “eu” não pode estar acima do “outro” como objetivo principal. Parece que isso não está muito claro nas escolhas feitas no campo político e entre os políticos, deixando a população desanimada e avessa nos momentos eleitorais. Todo mundo sofre com isso e as consequências estão presentes na caminhada do país.
A autossuficiência sempre prejudica a prática do bem comum, porque a pessoa não consegue optar pela comunidade, mesmo sabendo estar a serviço dela e eleito para isso, e nem valoriza a riqueza da partilha fraterna. É fundamental saber e ter coragem para construir um novo mundo, escolhendo bem na hora de votar, sabendo que o voto tem consequências.
(*) Arcebispo de Uberaba