As cartilagens do nosso corpo são constituídas por um tipo de célula específica, chamada condrócito, que, junto com outros tipos celulares, liberam substâncias que agem constantemente degradando e sin
josefabiolana@institutomor.com.br
Ortopedista, Especialista em Medicina Esportiva e Regeneração Tecidual • Diretor do Instituto de Pesquisas em Medicina Esportiva, Ortopedia e Regeneração (IMOR) www.institutomor.com.br
Os benefícios do Plasma Rico em Plaquetas no controle da Osteoartrite
As cartilagens do nosso corpo são constituídas por um tipo de célula específica, chamada condrócito, que, junto com outros tipos celulares, liberam substâncias que agem constantemente degradando e sintetizando a cartilagem no nosso corpo, em um processo cíclico que mantém a renovação desse tecido. À degradação ou quebra de moléculas orgânicas, como as que formam a estrutura dos tecidos do nosso corpo, dá-se o nome de catabolismo. O contrário, ou seja, a formação de substâncias ou moléculas orgânicas que atuam na regeneração tecidual, é chamada de anabolismo. O desequilíbrio entre essas duas vias na cartilagem culmina com o surgimento da osteoartrite. Nesse caso, o processo inflamatório causado atua aumentando a degradação do tecido.
É justamente aí que entra o papel do PRP. Pesquisas recentes têm obtido resultados cada vez mais claros confirmando a ação de substâncias liberadas pelas plaquetas, chamadas de fatores de crescimento, na diminuição do processo inflamatório e na produção de cartilagem.
Um importante grupos de pesquisadores da Erasmus University de Rotterdam, na Holanda, tem conduzido estudos in vitro (no laboratório) com o objetivo de avaliar a variação na quantidade de diversas substâncias presentes na articulação, após a aplicação de concentrado de plaquetas autólogo, ou seja, do próprio paciente (como o PRP). Essa pesquisa foi motivada pela International Cartilage Repair Society (ICRS), devido ao grande uso do PRP na Europa e nos Estados Unidos para tratamento da osteoartrite. Os resultados são bastante parecidos e muito promissores. O que se percebe é que o PRP age diminuindo a quantidade de substâncias inflamatórias, aquelas catabólicas que contribuem para a degradação da cartilagem. Por outro lado, eles também aumentam a quantidade de moléculas anabólicas, responsáveis pela formação de nova cartilagem.
A interleucina-1 (IL-1) tem sido foco de muitos estudos e diminui consideravelmente com a ação do PRP. Ela é uma das principais substâncias catabólicas, comumente encontradas no local da inflamação. Uma vez liberada, ela induz as células da cartilagem a produzir moléculas inflamatórias que degradam esse tecido. Além disso, ela dificulta as tentativas do nosso organismo de reparar a cartilagem articular, inibindo o anabolismo.
Estudos minuciosos têm demonstrado o potencial do PRP como fator de equilíbrio entre os processos de catabolismo e anabolismo. Resultados benéficos em nível celular são observados em 48 horas após uma aplicação, e melhora na dor e na movimentação articular podem ser facilmente percebidos em 5 semanas, o que melhora de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes com osteoartrite. Quando comparado ao uso de ácido hialurônico, o PRP também demonstra efeito benéfico superior e mais duradouro na diminuição dos sintomas.
Estudos in vitro e em modelos animais, além dos estudos clínicos em humanos, têm permitido aos pesquisadores desvendar os mecanismos celulares e bioquímicos dessa doença. Somente desse modo poderemos visualizar novas perspectivas de tratamentos mais efetivos, adquirindo novos conhecimentos para diagnósticos cada vez mais precisos.
Referências
van Buul GM, Koevoet WLM, Kops N, et al. Platelet-Rich Plasma Releasate Inhibits Inflammatory Processes in Osteoarthritic Chondrocytes. The American Journal of Sports Medicine 2011.
Kon E, Buda R, Filardo G, et al. Platelet-rich plasma: intra-articular knee injections produced favorable results on degenerative cartilage lesions. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc 2010; 18:472–9.