Dia 30 de setembro fazemos memória do patrono da Bíblia, São Jerônimo, um dos tradutores dos textos bíblicos, do original para o latim, formando a Bíblia chamada de “Vulgata”. É a Palavra de Deus como sendo o grande dom, um caminho revelador da identidade de Deus, em Jesus Cristo. Aí encontramos a indicação dos dons divinos concedidos à pessoa humana.
Toda pessoa, além do dom da vida, é marcada pela presença da bondade de Deus, com habilidades para o bem de todos. Dons que não podem ser privatizados por práticas egoístas. Os bens materiais são dons de Deus e devem ser administrados de forma a propiciar vida digna para todas as pessoas. Deus pedirá conta de quem administra com injustiça.
Na administração dos dons, a prática deve ser de liberdade, evitando um poder centralizado, sem organização e função social e sem a participação da comunidade. Muitos administradores temem ser diminuídos em sua autoridade e, às vezes, são envolvidos por ciúmes, prejudicando o destino dos bens por causa de atos infantis.
A administração dos bens públicos pode revelar um alto grau de imaturidade e despreparo dos seus administradores. E eles são escolhidos através do nosso voto no dia das eleições. Mas não seria o nosso voto um ato de imaturidade, por que não escolhemos quem tem mais condição, preparo e dignidade para o cargo? Ainda é tempo para refletir sobre isto.
O poder do administrador não pode ser apenas para sua projeção social. Não devemos concordar com o “mal agir”, com a conduta errada, a cobiça, a inveja e a ambição. É necessário extirpar todo tipo de administração que vai contra os princípios do Evangelho, porque as consequências são desastrosas para o povo.
Os dons de Deus não podem ser acumulados em poucas mãos. A injustiça social é uma grande ofensa ao Criador. A riqueza centralizada provoca insensibilidade e exploração das pessoas. Onde domina a injustiça e a desonestidade, temos como fruto a violência e a morte. É um desvio de destino dos bens de Deus.
(*) Arcebispo de Uberaba