Os filhos dos outros
Já nem sei por quantas vezes ouvi
Já nem sei por quantas vezes ouvi que: “Os filhos dos outros, são filhos dos outros.” Lógico que “Os filhos dos outros são filhos dos outros e não são nossos filhos”. Mas, com essa frase, nem sempre se almeja dizer tal verdade e sim, manifestar algo a respeito de um procedimento que não agrada. — Por que Margarete, a sua sobrinha Maria Ivone não esteve lá ontem?—Para lhe dizer a verdade, não lhe sei dizer o porquê e mesmo a quem ela puxou. Do meu irmão, Jorge Luiz, não puxou nada. Ele jamais deixaria de estar presente naquele momento. —É verdade... Seu irmão tem uma linhagem incapaz de um procedimento igual à de sua sobrinha, Maria Ivone. Interessante, é que ela tem traços que lembram os de seu irmão, você não acha? A cor dos olhos, a forma de falar gesticulando, tudo lembra muito de seu irmão, Jorge Luiz. —De fato, a Maria Ivone tem muita coisa dele sim, mas esse comportamento não é próprio do meu irmão Jorge, não... É aí que por vezes aquela manifestação entra na velha frase: “Os filhos dos outros são filhos dos outros!...” Mas, será que a Maria Ivone merece aquela condenação da Margarete, sua tia? Verdade é, que nem a Margarete, tia da Maria Ivone e nem a amiga com a qual conversa, tem noção de como os componentes de uma célula preservam a herança dos caracteres da espécie. A Biologia através da microscopia eletrônica que permite a visualização aumentada em milhares de vezes, hoje também acoplada ao computador, tem ampliado o mundo das pesquisas permitindo observar dentro do núcleo da célula, 46 Cromossomas responsáveis pelo transporte da hereditariedade, conhecidos na ciência por Genes. É observado que nas células sexuais do homem (espermatozóides) e nos (óvulos) na mulher, somente a metade daqueles 46 Cromossomas está em cada um. Assim, 23 Cromossomas se acham nos espermatozóides e 23 Cromossomas nos óvulos- 23+23=46. Esse assunto na Biologia é denominado de Genética. Sabendo-se dessa divisão de 23 para cada lado, fica fácil compreender que a Maria Ivone, possui 23 Cromossomas de seu pai, Jorge Luiz e 23 Cromossomas da mãe dela, dona Lúcia, cunhada da Margarete. Como a dominância dos Cromossomas é oscilativa, aquele comportamento da Maria Ivone, pode não advir dos Cromossomas do pai dela, Jorge Luiz e sim, dos cromossomas da mãe dela, dona Lúcia—daí a diferença que causa estranheza. Que não se tenha que os comportamentos de Maria Ivone, estejam sempre condicionados tão só aos Cromossomos herdados de sua mãe. Como eles agem durante a vida, é um misterioso ainda para a Genética. O ensino da Genética deveria constar não só nos cursos superiores, como também nos fundamentais. Assim, melhor seriam compreendidos casos diversos como esse da Maria Ivone, por exemplo. Evitaria também, condenação infundada entre casais, compreendendo-se com normalidade, se acaso um filho ou uma filha apresentar pele de cor escura, quando todos da mesma família possuem pele clara. São pulos da genética. A frase; “Os filhos dos outros são filhos dos outros”, possui alguma lógica, se o momento; “Os filhos dos outros,” se referir aos 23 Cromossomas da dona Lúcia, mãe da Maria Ivone. Na realidade, Maria Ivone, não tem culpa de nada. Que a Margarete e a amiga, não fiquem falando das coisas sem saber.