Aproximando-se mais um Dia de Finados, sinto-me na obrigação de, como tanatóloga
Aproximando-se mais um Dia de Finados, sinto-me na obrigação de, como tanatóloga, escrever uma palavrinha sobre esta data, conforme venho fazendo neste jornal há mais de uma década.
Conforme todos sabem, o dia 2 de novembro está destinado a honrar e lembrar as pessoas que já faleceram e a palavra finado é um adjetivo que qualifica algo ou alguém que finou que chegou ao fim, que está morto. Por esse motivo, o Dia de Finados também é conhecido como Dia dos Mortos.
O hábito cristão de dedicar um dia para rezar pelos mortos remonta do século V, mas foi no século XIII que oficialmente passou a ser o Dia de Finados. Cada parte do mundo celebra esta data a seu modo. No México e em outros países da América Latina, por exemplo, existe a chamada “Festa dos Mortos”.
Fico pensando em quantas coisas e pessoas vão se tornando findadas em nossa vida com o passar dos anos. Amizades, crenças, esperanças, casamentos e amores...
Relembrá-las não deveria ser um ato triste, penoso e sim uma celebração por terem feito parte de nossa vida.
A experiência mostra-nos que algumas perdas são irreparáveis, como a de um filho, por exemplo. Mas uma reflexão que talvez pudesse amenizar a dor dos pais seria imaginar a vida sem as alegrias proporcionadas por este filho ou filha que se foi: seu nascimento, crescimento, primeiras palavras, primeiros passos, as festinhas de escola, suas primeiras vitórias e conquistas, seu primeiro namoro, entrada na faculdade.
É bem verdade que muitos projetos são interrompidos por mortes precoces, mas não obstante, muita coisa boa foi vivida e, sem elas, a convivência dos familiares com certeza teria sido menos rica.
Muitas mudanças no nosso modo de pensar e agir trariam mais qualidade à nossa vida emocional. Não nos é ensinado que a vida física tem finitude. Vivemos como se nunca fôssemos morrer. Adiamos nossa felicidade para um sem número de “quando”: quando eu me formar, quando eu me casar, quando meus filhos se formarem, quando eu me separar, quando eu me aposentar e, de quando em quando, nossa vida passa.
Onde está a garantia que esses “quando” chegarão para cada um de nós?
Portanto, meus amigos, nosso compromisso com a felicidade é no presente do aqui e do agora porque, no próximo ano, poderemos ser finados para alguém!
Por favor, não deem a isso o nome de pessimismo... Só a consciência da morte e da finitude nos leva a buscar uma vida mais plena enquanto ainda a possuirmos.