ARTICULISTAS

Os grandes apaixonados

Ninguém vive sem uma grande paixão

Padre Prata
thprata@terra.com.br
Publicado em 16/09/2012 às 13:41Atualizado em 19/12/2022 às 17:22
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Ninguém vive sem uma grande paixão. Nada se faz sem uma grande paixão. Ou somos grandes apaixonados ou apenas vegetamos amortecidos pela mesmice da vida de todos os dias.  Alguém me diz: “Minha tristeza é não saber o que vou fazer hoje.” Esse já está morto e, o que é mais trágico, ainda não sabe.

Uso o termo “paixão” no seu sentido mais amplo.  Pode ser uma pessoa vivendo ao nosso lado. Mas pode ser também uma tarefa a realizar, uma pesquisa, uma obra de arte a criar, um gesto de compaixão pelos menos afortunados.  Grande parte dos seres humanos passa pelo mundo sem deixar marca nenhuma. Simplesmente passa. Não são amados por ninguém porque não amam ninguém. Pode ser que cultivem um “hobby” (me perdoem o palavrão), mas não vão além disso. Caminham pelo mundo e suas pegadas se dissolvem na areia da caminhada.

O mundo, as nações, as grandes e pequenas comunidades, são ou foram marcados por homens ou por mulheres apaixonados. Transformaram-se, como dizem os ingleses, em “pontos de virada” (turning points), isto é, provocaram uma mudança, alteraram os rumos da vida. Depois deles, o mundo não foi o mesmo, pelo menos a comunidade em que viveram.

O livro “Cem personagens que marcaram a humanidade” leva-nos a estas reflexões. Não vou incluir Jesus de Nazaré entre os cem, seria um despropósito. Este é “fora de concurso”.

Não há como compreender Francisco de Assis sem aquela doação total pelos pobrezinhos de Deus. Como entender seu “Canto às Criaturas”, desvinculando-o de uma grande paixão?

Como compreender Mahatma Gandhi desatrelado de sua paixão pela liberdade, de sua luta para livrar sua pátria dos colonizadores ingleses?

E assim vai desfilando diante de nós aquela lista imensa de homens e mulheres que deram um sentido às suas vidas, Madame Curie, Galileu Galilei, Teresa de Ávila, Solano Lopes, Teresa de Calcutá, João XXIII, Irmã Dulce, Zilda Arns, Charles Darwin viajando pelo mundo em seu “Beagle”, durante dias, meses, anos, colecionando pássaros, insetos, pedaços de rocha na paixão de desvendar o mistério da evolução do ser vivo.

E se a gente passa a olhar para dentro de nós mesmos, nos envergonhamos do pouco que fizemos. Vamos partir sem deixar grandes marcas.

Afinal de contas, qual é a nossa grande paixão?

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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