Dizem desde Brasília até a Ponte Alta que eleições representam a renovação patriótica das pessoas de boa fé que sonham com a nossa pátria amada. Eu me divirto acompanhando as campanhas e os candidatos gastando sorrisos, abraços, sola de sapato e até uma boa grana para serem eleitos salvadores da pátria. Pela longa vida e idade que Deus me deu, sou um veterano gozador destes sonhos. Brasileiros são amantes das eleições, ainda que sempre terminam decepcionados com a maioria dos nossos eleitos. Não preciso fuxicar no passado para denunciar quantos felizes eleitos são mutantes logo após a sua eleição. Abraços e comprimentos na rua desaparecem, os planos e projetos são arquivados, o feliz eleito está livre de seus eleitores, pedidos e abraços – pelo menos até os próximos anos. Alguns, muito sem-vergonhamente, já estão procurando nomeações e mamatas – pessoais ou de seus familiares. No mais simples: peguem um vereador e vejam qual é o seu corpo de funcionários que conseguiu nomear. Um deputado? Igual. Um senador, igual. Não vou até governador e presidência, gente que não conheço – mas a grande imprensa vai e descobre apadrinhados. É possível que políticos necessitem e façam boa escolha de parentes e cargos. Admito esta situação, embora em muitos casos o tempo revele interesses subalternos e desinteresse formal com a pátria e suas promessas pré-eleitorais – até a próxima campanha. O que realmente me faz graça e risadas é ver candidatos absolutamente incapazes exibirem seus programas e pretensões. Quem conhece o distinto sabe que ele não entende nem de cerca de arame... mas propõe e discursa que vai construir a muralha da China protegendo nossa cidade... ou seu bairro... ou sua casa. Vão acabar com a droga, com a violência, com a ignorância, com os tarados – e dar assistência perfeita à saúde e todas suas exigências. Não interessa como, não é apresentado um plano ou projeto, apenas uma ideia eleitoral e passageira... depois a gente cuida disto, né? Bem, no depois eles fazem como Mateus, cuidam de si e dos seus! Meus amigos eleitores, desculpem este desabafo. Acontece que eu mesmo, mais jovem e mais bobo, votei errado em ilusões e promessas. Quero mudar e acertar, mas tá difícil. Quem serviria de verdade não quer. Quem não serve... tem de montão. Saudades do Dino, que não votava!
(*) Médico e pecuarista
