Estimado leitor, hoje vou escrever sobre a mãe de todas as ciências: a filosofia
Estimado leitor, hoje vou escrever sobre a mãe de todas as ciências: a filosofia. Especificamente, sobre os sofistas, grupo de filósofos que, durante muito tempo, não recebeu a devida atenção por parte dos estudiosos. Isso se deve ao fato de que tanto Platão quanto Aristóteles nos legaram uma imagem muito negativa acerca do que faziam esses homens.
Segundo esses dois filósofos, a sofística, que ocorreu nos últimos cinquenta anos do século V, não se configurava como uma doutrina, mas antes como uma forma de ensinar. Os sofistas eram professores que iam de cidade em cidade procurando audiência e que, por um preço conveniente, ensinavam seus alunos a se destacarem numa determinada área do conhecimento.
Os alunos tinham como principal objetivo aprender a tornar vencedora uma tese que eles desejavam que fosse aceita por outras pessoas. A pesquisa e promulgação da verdade foi substituída pela busca do sucesso, baseando-se na arte de convencer, de persuadir e de seduzir. É a época em que a vida intelectual, cujo centro está na Grécia continental, toma a forma de competição e de jogo, uma forma polêmica, muito familiar à vida grega.
É justamente dessa concepção que surge a ideia de que os sofistas não passavam de meros charlatões, ensinando uma arte que, olhada mais de perto, nada mais fazia do que iludir e enganar. Os sofistas, assim, construíam um modelo de verdade aparente, superficial.
Entretanto, se olharmos com mais cuidado, veremos que as coisas não eram bem assim. A sofística, mais do que ser o ofício da ilusão, pode ser considerada a primeira afirmação consciente da superioridade da vida social, fundada sobre as técnicas desde os ofícios mais humildes até a arte mais elevada que os sofistas se vangloriam de ensinar, a virtude política.
Ademais, é preciso que se diga que é justamente no campo político que os sofistas afirmam a autonomia do homem. A lei é uma invenção humana e para que exista é preciso que haja confiança naquilo que o homem é capaz de fazer. Os sofistas, ao ensinarem como as pessoas deveriam se portar no campo político, referendavam um certo humanismo, fundamental, inclusive na filosofia pós-socrática.
É nesse contexto que devemos entender a famosa frase do sofista Protágoras: o homem é a medida de todas as coisas, das que são enquanto são e das que não são enquanto não são. Das coisas humanas é que deve se ocupar os homens, acrescenta Protágoras.
Bom domingo a todos.
(*) doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, da Facthus e da UFTM