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Para onde vamos?

Começo por dizer: eu não sei. Por exemplo, de início

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 22/01/2014 às 20:12Atualizado em 19/12/2022 às 09:21
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Começo por dizer: eu não sei. Por exemplo, de iníci que tipo de crônica pode um idoso pensar e escrever nos tempos atuais? Um pensamento ocorre, quando saio do nosso hospital, pego meu Golf e quero ir lá para avenida Edilson. Meu caminho normal está impossível. A Carlos Rodrigues custa dez minutos de paradas para minha entrada na Tristão de Castro... que está entupida, com diria o Din de cabo a rabo, desisto, vou pelo contrário, desço para a praça, quero dar a volta até a Santos Dumont, subir até o aeroporto, virar para a avenida do Edilson – cujo nome veio provavelmente da sua vida, do velho Lamartine, da família, das lutas, viagens e complicações sem fim. É meia hora pra chegar lá em cima, quando de manhã cedo foram cinco minutos, esta “viagem” me lembra a TV mostrando trânsito em São Paulo e Rio, os caras levantam de madrugada, entram na “avenida fila”, demoram duas horas pra chegar (se possível) no seu trabalho. O helicóptero prova, o comentarista de bordo pergunta: onde vamos parar? Ou quando vamos parar? Volto no tempo, setenta anos atrás, quando trazia meu pai do Rio do Peixe para nossa casa na praça Rui Barbosa, nossa residência, nenhum carro no circuito, o Rola chofer da praça dormia no banco do seu carro. Hoje... bem, meu amigo, pegue seu Fusca às duas da tarde e dê uma volta na praça e sua ruas adjacentes. Cronometre o tempo, procure onde estacionar, e vá caminhando até chegar ao seu destino, chega suado, atrasado e raivoso, pensa como eu: para onde vamos? Pergunto ao Dilson, viajante comercial, ele me diz: doutor, isto aqui é moleza, vá para as capitais, sofra isto tudo no tempo e dê graças a Deus se não foi assaltado ou atropelado! Aqui em Uberaba, como em qualquer cidade de nível médio para cima, a coisa ainda vai piorar – afinal, quase todo mundo já tem o seu carro comprado, prestações e juros suaves, a mulher também quer e tem, o filho idem, a vida e o trabalho exigem. E viajam, cada vez tem mais gente mudando para as cidades. O tal trabalhador rural, que é necessário nas fazendas, não vai existindo. Mudou pra cidade, a dona Dilma lhe deu casa, um dinheiro e aposentadoria, tem um fornecedor de droga, alguma mulherada mais fácil no mercado das abandonadas. Penso, agora de manhã, no dia que vou passar e assistir: para onde vamos... e se iremos.

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