Para ouvir nas férias
Estimado leitor, hoje vou dar dicas de algumas músicas para você ouvir durante seu período de descanso. Ater-me-ei aos anos 80 e aos artistas brasileiros mais significativos
Estimado leitor, hoje vou dar dicas de algumas músicas para você ouvir durante seu período de descanso. Ater-me-ei aos anos 80 e aos artistas brasileiros mais significativos desta década. Inútil (Ultraje a Rigor). Durante a apresentação do grupo brasiliense Paralamas do Sucesso no primeiro Rock In Rio (evento que colocou o Brasil na rota dos grandes shows), em 1985, o líder do grupo, Hebert Viana, disse que tocariam uma música de uma banda paulista que, não fosse o bairrismo na escolha dos artistas, deveriam estar, também, escalados para aquele festival. E, nesse clima, tocaram Inútil, eterno retrato das nossas mais profundas contradições. A música foi, posteriormente, gravada no álbum de estreia do grupo Nós Vamos Invadir Sua Praia. É preciso dizer que, no auge da fama, o Ultraje a Rigor se apresentou em Uberaba, no ginásio Sergio Pacheco. Que País é Esse? (Legião Urbana). Basta vivermos um escândalo político qualquer (e por esses tempos é o que não anda faltando) para que as pessoas logo se lembrem da atemporalidade dessa canção. Em forma de pergunta, seu refrão escancara um Brasil carente de justiça social e de melhores oportunidades, sobretudo para os mais simples. A música foi gravada no álbum de mesmo nome, em 1987. Em 1990, o ginásio do Marista conferiu a Legião Urbana de perto, e os uberabenses puderam ver o mais carismático vocalista do rock dos anos 80: Renato Russo. Como eu Quero (Kid Abelha e os Abóboras Selvagens). Em 1984, ano de lançamento do álbum Seu Espião, o ginásio Sergio Pacheco, completamente lotado, cantou junto Como eu Quero, cuja letra simplesmente cantava o amor. Até Quando Esperar (Plebe Rude). Outra banda de Brasília que logo se especializou em contestar os descalabros que o País vivia na época. Partindo da frase “com tanta riqueza por aí, onde é que está, cadê sua fração?", o grupo despertava consciências. Em 1987, de novo no ginásio Sergio Pacheco, os uberabenses puderam conferir, ao vivo, a energia da Plebe Rude, que dava muita atenção às suas apresentações ao vivo. Você não Soube me Amar (Blitz). Com uma capa bastante colorida e o encarte repleto de desenhos remetendo às histórias em quadrinhos, já se anunciava que havia algo novo no ar. Em 1982, o País vivia uma certa abertura política, e as bandas podiam ousar mais. A Blitz não era um grupo de rock comum. O cantor, compositor e ator Evandro Mesquita havia tido uma experiência no conjunto de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone e infundiu essa influência na banda, que fazia de seus espetáculos verdadeiras performances teatrais. E, dessa forma, surgiu Você não Soube me Amar, com sua letra longa, muito mais falada do que cantada, contando as divergências de um casal, sentados numa mesa de bar. Uma das mais criativas músicas brasileiras de todos os tempos.
Eu sei que o hábito de ouvir música anda meio fora de moda, estimado leitor, mas fica aqui a sugestão. Bom domingo a todos.
(*) doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, da Facthus e da UFTM
