O Zago é casado com Vânia, que o ama. Eles são pais de Bárbara e Carolina, que também os amam. Zago é filho do seu Pedro com a Dona Maria. Zago sempre foi branquinho e magrelo, olho azul e os seus cabelos, que nos lembram da palha de milho, raleiam em sua cabeça. Ele nasceu próximo daqui, numa cidade bucólica responsável pelo berço de nossa civilização.
Criado no campo, ao lado da irmandade, aprendeu a ler o tempo e os olhos do mundo. Na convivência com o pai, absorveu o seu jeito de ser sem se esquecer de si, e com a mãe, a doçura necessária no caminhar em dias difíceis. Ao conhecer a brasiliense Vânia, viu que os seus mundos eram distintos, encontrados no amor. Porém, o amor a tudo releva, mas na sua ausência não há princípio nem comunhão. Estão aí juntos, criando as crias e as lambendo dia e noite.
Zago é daqueles empresários que evoluíram com o tempo e acumularam através do trabalho, sem perder a simplicidade do berço e sem se distanciar daqueles que não têm. Uma figura para se conviver durante a semana e terrível companhia para quem o procura em finais de semana. De segunda a sexta, até as 18 horas, ele é urbano, moderno, trabalhador afinco no ramo de imobiliária, cumpridor de suas obrigações. Mas, quando o sino da Igreja da Matriz – há ainda esse sino? – badala, marcando 18 horas, ele já está a caminho de seu retiro espiritual. Nos finais de semana, ele é ermitão, pensador bonachão, beneditino enclausurado, em terras cercadas por água e mata. Talvez, ali, ele se recompõe se apresentando ao Criador, recarrega as suas baterias para a próxima semana que se iniciará. Bater um papo com ele é só durante a semana, mas compartilhar natureza e vida astral é nos finais de semana, em casa de retiro. Vale a pena deslocar-se até lá, só para ter alguns momentos de filosofia própria, sem citar aqueles filósofos que pensaram por nós outros e nos fazem acreditar. Ali, com ele, é pura filosofia de vida que se descobre sem nunca ter lido um único filósofo. Talvez seja assim a verdadeira filosofia de vida; nada contra a erudição, mas aqueles estéreis filósofos, que nos levam ao exibicionismo e nos distanciam por demais do outro não existem na conversa.
Esse ermitão de finais de semana e empresário durante a semana, pai e marido de todos os dias, amigo de sempre, fez aniversário. Quando levei a mão ao celular, o dele já estava desligado. Não pude assim externar o meu carinho, cumprimentando-o pela sua data. Resolvi, então, homenageá-lo, envergonhando-o, oferecendo-lhe essa crônica, extensiva à sua família, e a sua história familiar.
Parabéns, “ô vei”, pelo seu aniversário! Que os seus dias lhe sejam leves, mantendo-o sempre assim, amigo e companheiro. Que o seu desejo de sucesso aos amigos sempre avolume em seus dias. Que os seus bem-quereres cresçam em ternura fraterna ao lado da escolhida. Que os seus leões não lhe abatam a esperança herdada e cultivada no dia-a-dia. Que a vida seja um hino de louvor cantado e vivido. Abraços de seus amigos urbanos.
(*) professor