Num piscar de olhos o tempo passou. Ainda tenho em ótimo estado de conservação o número 3.350 de 23 de maio de 1983 do Jornal da Manhã. Em sua página de rosto, vemos o cantor Manoelzito (Manoel dos Reis), mirando o rosto sem vida de sua filhinha Arilene Reis, morta por um carro na porta de casa. Uberaba inteira chorou. Alinhavei o que vem a seguir e, com a permissão do amigo, transcrevi para esta página:
30 ANOS SEM ARILENE.
Saudade... oh dor constante... / Que me bate a todo instante aumentando o meu sofrer / É a presença de uma ausência / Tentando com a sua insistência o meu vazio preencher / E assim trinta anos se passaram / Recordações me massacraram / O destino tirou Arilene de mim.
Oh meu Deus me faça ver... / Com o seu extremo saber dizendo ao meu coração / Por que uma inocente criança / Que vive sempre na lembrança e só me causa emoção / Perdeu sua vida tragicamente / Deixou este mundo de repente / Levando com ela parte de mim.
Arilene Reis nossa joia preferida / Cada irmão seu nesta vida seguiu um rumo diferente / Caminho diverso cada um escolheu / Você a imensidão divina conheceu e está comigo presente / Peço a Deus que de onde você esteja / Num amplo olhar outras vidas você veja / E nelas possa continuar sua sublime missão.
Três décadas são passadas / As lágrimas choradas por seus pais ainda não secaram / Sua imagem de criança aos cinco anos permanece / Quem lhe conheceu jamais esquece porque amaram / Essa criatura envolvida de pureza / Por dentro e por fora cheia de beleza / Breve filha, iremos nos reencontrar.
Aqui não está um pai revoltado / Meu coração sofrido e machucado é que fala por mim / Na minha tristeza dedico um sentimento / Ao motorista que desde aquele momento me causa dor sem fim / A vida de Arilene sem piedade ceifou / Se até agora não se apresentou / Do Tribunal Supremo você não escapará.