Estimado leitor, um mestre e seu discípulo caminhavam por uma longa estrada. Avistaram uma fazenda quase abandonada e em total declínio. Aproximaram-se, avistaram um casal e perguntaram por que tudo se encontrava naquele estado. Responderam que não havia recursos para fazer a fazenda ser mais produtiva e que eles, já velhos, não encontravam ânimo para mais nada.
Perguntaram como eles viviam sem plantações, animais, pomares, hortas, nada que pudesse abastecê-los. Disseram que sobreviviam de uma velha vaquinha que havia no pasto. O mestre e seu discípulo se despediram e foram embora. No meio do caminho, o mestre ordenou que o aprendiz jogasse a vaquinha do casal no precipício. O discípulo reagiu: se assim fizesse, como o casal sobreviveria, já que aquela vaca era tudo o que eles tinham. O mestre, impassível, disse apenas que sua ordem deveria ser cumprida. Muito a contragosto, o discípulo fez o que o mestre ordenara.
Anos se passaram e o discípulo resolveu voltar até a moradia do casal e, chegando lá, levou um susto enorme. No lugar de uma propriedade improdutiva, havia uma fazenda rica e próspera, com muitos empregados. Sem entender o que se passava, o discípulo se aproximou e perguntou ao homem que o atendera o que havia acontecido com aquela propriedade, que no passado estava condenada e se encontrava no mais completo abandono e, agora, se transformara numa opulenta fazenda. O homem simplesmente respondeu: tínhamos uma vaquinha muito doente, que dava alguns litrinhos de leite por dia e dela tirávamos nosso sustento. Um dia, alguém a jogou no abismo e nós tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos. Assim, alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora.
Outra parábola dá conta de que a borboleta, para nascer, precisa fazer um minúsculo furo no seu casulo e por ele passar. As borboletas levam horas nessa atividade. Certo dia, os cientistas, no intuito de facilitar a vida das borboletas, romperam os seus casulos. Para surpresa geral, as borboletas cambalearam por alguns instantes e morreram em seguida.
Perceberam, então, que passar suas asas pelo minúsculo furo do casulo tem a vital função de lhes retirar o excesso de água e, assim, com as asas enxutas, podem alçar longos voos. Borboletas que não sofrem para passar pelo furo do casulo não sobrevivem.
A Páscoa é uma data que tem por objetivo nos lembrar que, muitas vezes, são os nossos obstáculos que nos fazem crescer, que nos fazem mais fortes. Nossas dificuldades despertam forças, avivam capacidades, acordam coragens adormecidas. Na Páscoa descobrimos que o luto da sexta-feira nos revigora para celebrarmos a alegria do domingo. Feliz domingo de Páscoa para todos!
(*) Doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, da Facthus e da UFTM mailtmozart.lacerda@uol.com.br