A ideia do pastoreio acompanha a história do povo de Deus. Jesus usa a imagem do pastor e das ovelhas quando fala do Reino de Deus. Ele faz comparações tiradas do mundo rural e agrário para explicar, de forma simples, a sua proposta de ação. Olha para o campo como ambiente de trabalho, de cuidado com a obra da criação e espaço onde as pessoas colocam em ação seus próprios dons.
Para o bom andamento das coisas, é fundamental que o pastor tenha uma identidade exemplar e de testemunho autêntico de vida. Só assim vai conseguir atrair as ovelhas para o seu rebanho e elas vão segui-lo. Ele não vai atrás tocando as ovelhas, mas à frente, e elas o acompanham para onde for. Não bastam as palavras, porque são os exemplos que conseguem arrastar e convencer.
Essa dinâmica usada por Jesus deve ser aplicada também na sociedade geral. Ela toca o mundo da administração, seja pública como eclesial. Presenciamos más administrações nas diversas realidades da cultura moderna. Existe até uma impressão ruim levando-nos a pensar que administrar mal é cultural e não tem como ser diferente. Temos que nos convencer de que isso não pode ser verdade.
Jesus, como Bom Pastor, veio mudar o cenário do mundo, quando Ele fala da responsabilidade de quem administra. Se sua prática não estiver montada na justiça e na honestidade, como “carros-chefes” da ação, as consequências não serão positivas. Certamente, haverá privilégios para alguém ou para pequeno grupo e sofrimento para a maioria dos atingidos por essa administração.
A harmonia na administração torna-se saudável quando o administrador também participa de alguma forma das condições dos administrados. Os privilégios dos pastores, dos políticos e dos diversos administradores causam insatisfação e revolta nas ovelhas. Essa situação é muito grave no Brasil, porque os privilégios são tão alarmantes que causam indignação na população.
Interessante que as ovelhas escutam a voz do pastor. É a partir daí que elas passam a segui-lo, porque ficam convencidas da necessidade de sua autoridade. Mas o pastor também tem grande responsabilidade em conhecer, acolher, cuidar e ajudar as ovelhas nas suas necessidades. Esse é o verdadeiro papel de todos aqueles que estão munidos de autoridade em uma Nação.
(*) Arcebispo de Uberaba