Ouvi dia desses a seguinte frase: Os que falam sem pensar, um dia aprendem a pensar sem falar
Ouvi dia desses a seguinte frase: “Os que falam sem pensar, um dia aprendem a pensar sem falar.” Realmente, quem já vivenciou essa realidade ou a viu doer noutra pessoa, sabe que ela traz um doloroso processo de adaptação. Depois de muito opinar a esmo sobre tudo e todos, sem deter-se antes para pensar, um dia vem a acidez do silêncio cobrando sua vez. Aí somem as palavras e quem usava a fala sem pensar, pensa mais entes de falar.
Nossas palavras são o reflexo dos princípios sobre os quais forjamos o nosso caráter. Se as usamos bem, estamos refletindo o que de bom trazemos desde o berço. O contrário é inteiramente verdadeiro, ou seja, palavras vãs ou ofensivas, sempre são articuladas por quem sequer sabe o que seja um bom berço. Para esses, tanto faz o berço ser de madeira branca ou de lei. Tudo é madeira. Só que, enquanto a madeira de lei permanece invulnerável, a branca sede aos cupins.
Li recentemente que um rico senhor costumava em arroubos dizer: “quando eu vejo, já falei o que me veio à boca.” Era do tipo que, antes de falar nunca refletia e suas palavras sempre causavam feridas. Passadas algumas décadas, o tal senhor cabisbaixo e mudo atravessava sempre a pé sua cidade sem que ninguém lhe arrancasse uma única palavra. E diziam os observadores: “Ele vive sempre calado e pensativo”. Finalizando aquela leitura concluí que o tal senhor da “embreagem curta”, já no ocaso da vida, deve ter sido forçado a pensar sem falar, ou melhor, o mundo regulou a sua embreagem.
Não importa o dia em que conseguiremos pensar mais e falar menos. Devemos sim, perseguir essa conquista por toda a vida, já que ela é uma das formas de nos redimirmos diante dos excessos cometidos pelo uso da palavra, sem o aval antecipado da faculdade de pensar.
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro forumarticulistas@hotmail.com