O nome “Pentecostes” tem sua origem na língua Grega e significa cinquenta dias depois, isto é, após o dia da festa da Páscoa. Há um texto bíblico que diz: “Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu” (Lc 24,49). Então, o que celebramos mesmo é a realização dessa promessa contida na Bíblia, a presença do enviado de Deus, em Jesus Cristo, o Espírito Santo, chamado de Paráclito.
Diz-se que o Espírito Santo é o nosso guia, que ilumina os caminhos das pessoas, na direção do bem. Não é espírito do mal, de uma atitude que prejudica o bem comum e a felicidade do outro. Podemos constatar a existência de quem age com o espírito do mal, porque prejudica as pessoas e deixa conturbada a ordem social. Com isto, dizemos que existem duas forças contraditórias na humanidade.
Ao falar do mal, podemos fazer alusão à famosa cena da Torre de Babel, uma expressão enxertada de egoísmo e prepotência do ser humano, querendo agir contra os princípios divinos (cf. Gn 11,4). A Torre, que era para atingir o céu, acaba criando divisão e confusão, não conseguindo atingir os objetivos pretendidos. Faltou o senso da comunicação, da confiança em Deus e se desentendiam.
Por outro lado, ao falar da prática do bem, nós aludimos ao Espírito Santo como fonte de comunicação e entendimento entre as pessoas. Desta forma, foi o que aconteceu no Dia de Pentecostes, quando Jesus apareceu no Cenáculo, desejando aos apóstolos a paz, a presença do Espírito Santo e o envio em missão para proclamar a confiança em Deus e a força da unidade entre as pessoas.
Que tipo de pentecostes presenciamos na cultura moderna? Hoje temos uma realidade profundamente marcada por inúmeros desentendimentos, ofensas, brigas, desrespeito à vida, polarizações, agressões, mortes, etc. Até parece que vivemos uma grande babel. Certamente não é a atuação do Espírito Santo! Há uma sensível falta de abertura e sintonia para com a fé e a cultura do bem.
O Espírito Santo de Deus é um sopro de vida, também de superação de dificuldades e de entendimento, que sugere alegria e missão. Para isto temos que lutar para superar as chagas da sociedade que a fragilizam, como a indiferença, o ódio, a violência, o descaso, o abuso e a corrupção moral, social e política. O Espírito Santo nos faz todos membros de um mesmo corpo, em Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba