A caminho dos 20 anos estudando sobre Perdas e Lutos, tenho por tradição escrever algo a respeito por ocasião do Dia de Finados. Neste ano, escolhi falar um pouco sobre os novos enfoques dos estudos nesta área.
Nos anos 90, quando tive meu primeiro contato com o tema, a grande novidade foi conhecer a descrição do processo de Luto por meio de conceitos, tipos, fases, etapas, tarefas a serem cumpridas, tratamentos e término de um processo.
Hoje, muitos questionamentos se colocam em termos de fundamentação teórica. Novas vertentes de pesquisas surgem em função de problemas contemporâneos, tais com envelhecimento da população, o estresse de cuidadores, diferenças culturais de gênero e de idade no enfrentamento das perdas; situações de mortes em massa; Transtorno do Estresse Pós-Traumático muito comum após as mortes inesperadas ou violentas.
Os estudos mais modernos trazem consigo mudanças de paradigmas que ampliam e modificam os mais antigos.
Pode ser uma perda a oportunidade de construção de novos significados? Na prática vejo casos em que pessoas dão um novo sentido à vida quando perdem a “escora” de um companheiro e que, quando se veem sós, retomam o processo de crescimento interrompido há anos.
É possível se desligar totalmente da pessoa falecida ou é possível viver um luto saudável, mantendo o vínculo afetivo com a mesma?
Pode um luto ser tão complicado e patológico a ponto de ser incluso nos manuais das desordens mentais?
Como garantir que toda a população tenha acesso aos tratamentos específicos que ainda não são ofertados pela Saúde Pública?
À guisa de conclusão, as novidades que muito têm fortalecido nossa compreensão dos enlutados são aqueles que deixam de ser rígidos e classificatórios e consideram não só os fatores de risco para predizer as possibilidades de lutos complicados, mas também os fatores de resiliência que permitem que cada enlutado possa reaprender a viver e encontrar novos significados para sua vida.