ARTICULISTAS

Pique de esconder

No fim da semana passada, o Príncipe casou; o Lobo mau foi executado

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 10/05/2011 às 20:06Atualizado em 20/12/2022 às 00:25
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No fim da semana passada, o Príncipe casou; o Lobo mau foi executado; os Bâmbis voltaram para a floresta, e a casa dos Porquinhos ruiu.

Quando menino, brincávamos de pique de esconder e as meninas, de casinha. Elas brincavam e sonhavam com o seu príncipe encantado, mas ao nos interagirmos nas brincadeiras de pique de esconder, o sabor era outro. Ficávamos lá, assim, escondidinhos, sentindo a respiração daquela que perturbava os sonos. Ouviam-se as batidas do coração inspirando o hálito de leite ainda não derramado. Um, dois, três... Já vou! Quem escondeu escondeu, quem não escondeu não esconde mais. E lá ia o procurando. Quando o procurando gostava da mesma menina que estava escondida com alguém, ele se tornava implacável na sua procura. Ao passar por nós, podíamos ver a sua conga azul, mas ficávamos lá assim quietinhos, um ao lado do outro, como segredo em começo de relacionamento. Segurávamos a respiração para depois, em olhos, sorrirmos pela travessura de não sermos achados.

Não havia maldade em nada, além do amor proibitivo, que não nos faziam melhores ou piores. Havia aquela timidez que não nos impedia em noite de lua a confessar que gostávamos de alguém. Mas elas também tinham seus segredos, e não os confessavam a ninguém, exceto para a amiga mais próxima. Dizia que quando um homem descobria que era querido por alguém, ele se tornava exibicionista. Cultura imprópria criada entre nós, como aquela que prega que homem que é homem não chora, não demonstra seus sentimentos, é forte e provedor. Pode até ser tudo isso, mas não necessariamente assim.

O casamento do príncipe com a princesa súdita foi acompanhado por uma plêiade de plebeus, desejosos de estarem ali ao lado da Realeza; herança nobiliarca incrustada em sangues de plebeus e nobres. Quanto aos bâmbis e aos porquinhos, deixemos para as interpretações pueris e condenações de torcedores apaixonados por algo que nem sabem porquê.

Porém, o pique de esconder de Osama Bin Laden é fato histórico. Sabemos que os Estados Unidos são belicosos por formação e não rejeitam uma guerra, por mais imponderável que ela possa parecer. Quando não há motivos para tal, inventam-no e invadem o país sob o pretexto humanístico, ou democrático ou coisas que o valham. Assim foi com a América Latina, com a Ásia, com o Oriente Médio... Sempre investiram no terror como instrumento do medo e do controle sobre a sociedade. São os comandantes da guerra nas estrelas.

O islamismo não prega o terror; prega a paz, a igualdade e fraternidade; na linhagem dos profetas, porém, não podemos negar que há equívocos nos fundamentalistas, que pregam a guerra e a violência como instrumentos de propagação da fé. Bim Laden não só brincou de pique de esconder, mas promoveu o ódio entre nações. A sua execução, no fim de semana, mantém o alerta de como os homens irão reagir aos fatos.

(*) professor

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